A taxa Selic, determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), é um termômetro da política monetária e instrumento de controle inflacionário no Brasil. Para entender seu impacto, é necessário observar como ela reverbera em aspectos fundamentais da economia e no bolso do brasileiro.
Em primeiro lugar, o significado da sigla é: Sistema Especial de Liquidação e Custódia, sendo este um mecanismo utilizado pelo BC para gerenciar a inflação e manter a estabilidade econômica. Ela funciona como a taxa de referência para as demais taxas de juros praticadas no país, afetando diretamente o custo de crédito, os retornos dos investimentos em renda fixa e até o consumo doméstico. Saber como ela funciona e qual o impacto de suas variações ajuda a população a entender melhor o ambiente econômico, antecipando os efeitos de altas ou baixas
na Selic em seu orçamento e decisões financeiras.
Por que acompanhar o valor da Selic?
Acompanhar a Selic permite que consumidores e investidores se antecipem às variações no custo de crédito e nas oportunidades de investimento. Em momentos de Selic alta, as linhas de crédito ficam mais caras, e os consumidores devem repensar o uso de financiamentos. Da mesma forma, uma Selic mais elevada aumenta a rentabilidade dos investimentos de renda fixa, tornando essa categoria mais atrativa.
Para os investidores, a taxa é essencial para identificar a atratividade dos títulos de renda fixa. Em tempos de juros elevados, produtos como CDBs, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro Direto rendem mais, o que atrai aqueles que buscam segurança e previsibilidade. Por outro lado, uma Selic baixa, embora encoraje o consumo,desestimula a renda fixa, levando investidores a buscarem ativos de maior retorno na renda variável.
Como a Selic influencia o consumo doméstico?
O impacto da Selic no consumo doméstico é direto: uma Selic elevada encarece o crédito, como o financiamento de veículos e imóveis, reduzindo a capacidade de compra das famílias. Juros altos representam parcelas maiores, o que desincentiva o consumo e contribui para a queda da inflação. Em contraste, quando a Selic é baixa, o crédito se torna mais barato, e o consumo tende a aumentar, promovendo
um aquecimento econômico. Esse estímulo é particularmente importante em momentos de baixo crescimento, pois facilita o acesso a financiamentos e amplia o mercado consumidor.
Impacto no crédito
A taxa serve como um parâmetro para os juros cobrados nos empréstimos, impactando tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Um aumento da Selic leva os bancos a elevar as taxas dos financiamentos, afetando o crédito para consumo e investimento. Isso significa que tanto famílias quanto empresas enfrentam um custo maior para adquirir bens ou expandir seus negócios, o que tende a reduzir a atividade econômica. Quando a Selic cai, ocorre o movimento oposto: o crédito se torna mais acessível e barato, incentivando o consumo e o crescimento das
empresas.
Impacto nos investimentos
A Selic também afeta a remuneração dos investimentos. Em um cenário em que a taxa se encontra em alta, investimentos de renda fixa, como títulos públicos e certificados de depósito bancário (os CDBs), tornam-se mais atrativos. Esses investimentos, que remuneram com base em juros, oferecem maior retorno com o aumento da Selic, atraindo quem busca segurança financeira. Por outro lado, quando cai, esses investimentos se tornam menos rentáveis, estimulando investidores a buscarem alternativas de maior rendimento, como ações e fundos
imobiliários.
Assim, compreender a Selic é fundamental para o planejamento financeiro no Brasil. Ela não apenas reflete as condições econômicas, mas também direciona o comportamento de consumo e investimento. Para o brasileiro, acompanhar a taxa Selic é uma forma de se proteger contra variações econômicas, ajustando seu planejamento financeiro de acordo com os ciclos de juros e as condições
econômicas nacionais.
COLUNISTA: DIEGO JOVINO LUDUVÉRIO – Perito economista bacharel em
Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)
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