Nos últimos anos, os aplicativos bancários tornaram o universo dos investimentos mais acessível, com destaque para os populares "cofrinhos digitais". Esses produtos, geralmente associados ao Certificado de Depósito Bancário (CDB), oferecem uma combinação atrativa de simplicidade e segurança. Mas o que são exatamente esses cofrinhos, como funcionam e, mais importante, quais os rendimentos que podem proporcionar?
O CDB é um título de renda fixa emitido pelos bancos para captar recursos junto aos investidores. Em troca, os bancos pagam juros, que podem variar entre pré-fixados (uma taxa fixa determinada no momento da aplicação), pós-fixados (atrelados ao CDI, uma taxa que segue a Selic) ou híbridos (uma mistura de taxa fixa e a variação da inflação). O CDI, por sua vez, é o índice que mede o custo médio das transações entre bancos e serve como referência para a maioria dos investimentos de renda fixa.
O desempenho do CDI e os rendimentos do CDB
Para ilustrar, a taxa do CDI acumulada nos últimos 12 meses, até outubro de 2024, foi de 10,97% ao ano. Assim, um CDB que ofereça 110% do CDI renderia, na prática, 12,32% ao ano antes dos impostos. Com um investimento de R$ 10 mil nesse tipo de CDB, o rendimento bruto seria de aproximadamente R$ 1.230,00 ao ano. Em comparação, a caderneta de poupança, com uma taxa fixa de 0,5% ao mês acrescida da Taxa Referencial (TR), continua sendo menos vantajosa, especialmente em períodos de juros elevados.
Os "cofrinhos digitais", por sua vez, são uma versão simplificada de CDBs. Disponíveis nos aplicativos bancários, permitem que o investidor economize de maneira prática para objetivos específicos, como viagens ou emergências, enquanto os valores aplicados rendem diariamente. Além disso, muitos cofrinhos digitais oferecem liquidez imediata, ou seja, o dinheiro pode ser sacado a qualquer momento sem perder os juros acumulados até então.
Entre os bancos digitais e tradicionais, os rendimentos variam. Confira algumas opções em 2024:
- Banco XP: 150% do CDI;
- Banco Neon: 150% do CDI;
- Paraná Banco: 115% do CDI;
- BTG Pactual: 103% do CDI;
- Banco Pan: 103% do CDI;
- PagBank: a partir de 100% do CDI;
- PicPay: 102% do CDI;
- Banco Inter: 100% do CDI;
- Banco Itaú: 100% do CDI.
Esses números mostram que os rendimentos dos cofrinhos digitais podem superar em muito os da poupança. Para quem deseja criar uma reserva de emergência ou atingir metas de curto prazo, os cofrinhos são uma alternativa vantajosa, pois combinam flexibilidade, acessibilidade e rentabilidade.
Embora sejam práticos e eficientes para objetivos mais imediatos, os cofrinhos digitais não são a melhor escolha para metas de longo prazo, como aposentadoria ou a compra de um imóvel. Nesses casos, optar por CDBs com prazos mais extensos e sem liquidez diária pode garantir taxas mais atrativas, compensando a menor flexibilidade.
Além disso, os cofrinhos digitais têm desempenhado um papel importante na educação financeira dos brasileiros. Ao simplificar o acesso a conceitos como CDI e diversificação de investimentos, eles ajudam a desmistificar o universo financeiro para pequenos investidores. Com o crescimento dos bancos digitais, investir nunca foi tão fácil — e os cofrinhos são a porta de entrada ideal para muitos.
Em um cenário onde a educação financeira se torna cada vez mais essencial, os CDBs e seus cofrinhos digitais surgem como ferramentas versáteis e acessíveis. Eles oferecem uma maneira inteligente de equilibrar segurança, retorno e praticidade, permitindo que qualquer pessoa comece a investir de forma estratégica. Seja para formar uma reserva de emergência, poupar para um sonho ou planejar o futuro, esses instrumentos financeiros mostram que investir pode ser mais simples do que parece. O importante é dar o seu primeiro passo.
COLUNISTA:
DIEGO JOVINO LUDUVÉRIO – Perito Economista, Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Comentários: