O número de casos de dengue no Brasil já passou de 220 mil em 2024, representando quase cinco vezes o total calculado no mesmo período do ano passado. Até o momento, de acordo com o balanço do Ministério da Saúde, já foram registrados neste ano 2.336 mortes pela doença. Outros 2.439 estão em investigação. Tanto o número de casos quanto o de vítimas de 2024 é recorde.
Em Jataizinho as autoridades de saúde do município estão preocupados também com o crescente número de casos confirmados apresentando números que subiram de 44 em oito de abril para 99 casos confirmados até o último dia seis de maio, há quatro dias atrás. O Boletim Oficial da Secretaria de Saúde de Jataizinho é emitido semanalmente, com os números registrados em suas unidades básicas de saúde na Vila Frederico, no Jesuíno e no PAM, posto central. No Laboratório Carlos Chagas, também é crescente o número de procura por exames particulares, o que demonstra que os números apresentados pelo município podem ser ainda maiores. Em Ibiporã não é diferente. O município está entre as quatro cidades com mais casos de dengue no Paraná não obstante as equipes de endemias estarem trabalhando com afinco. As estatísticas nem sempre conseguem acompanhar em tempo real a velocidade da disseminação da doença.
Segundo a Dra. Carolina Sacca, bioquímica, membra da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, membra da Comissão Municipal de Saúde e proprietária do Laboratório Carlos Chagas, é normal um aumento de ocorrências de dengue na época de verão, uma vez que se intensifica o número de chuvas e poças d’água que ajudam na reprodução do mosquito Aedes aegypti. Mas este início de ano, o evento transcorre de forma atípica e preocupante dado a possíveis fenômenos causados pelo El Niño (chuvas intensas e calor excessivo)que potencializam esses fatores, causando uma epidemia maior, o que não ocorria desde 2019. Ela conta que, a cada quatro ou cinco anos, há uma explosão de um tipo novo de dengue, causando novos sorotipos.
Dra. Carolina Sacca: Laboratório de Análises e Diagnósticos Carlos Chagas
“A doença dá imunidade permanente por cada tipo de vírus, e nós temos quatro. Nós estávamos com o tipo 1 circulando por muito tempo já, e as pessoas começam a ficar imunes, mas, de repente, quando vem algum outro, a doença começa a aumentar mais do que a gente esperava”, destaca lembrando que o retardo no atendimento ou da busca do procedimento em alguns casos, além de uma possível falta de preparo dos especialistas, aumentam a gravidade da dengue.
Dra. Carolina Sacca ressalta ainda a importância da vacinação contra a dengue que teve campanha iniciada em janeiro com a incorporação pelo Ministério da Saúde da vacina Qdenga, comprada do laboratório Takeda Pharma, ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas a necessidade de aplicação dupla de doses e o pouco número de vacinas disponíveis fez o governo definir um público-alvo: adolescentes de 10 a 14 anos, público bastante suscetível à doença. Outros focos são regiões com alta transmissão da doença tipo 2.
E destaca que ela deve ser utilizada em regiões onde se tem mais casos de dengue, porque a vacina é mais efetiva quando as pessoas já tiveram um sorotipo de dengue, ela diminui a gravidade da doença. Então, por isso, o Ministério da Saúde está priorizando os lugares onde a endemia acontece todos os anos. Por esses fatores, a vacina não está indicada para ser utilizada em algumas cidades mesmo com um grande aumento do número de ocorrências de dengue.
A bioquímica, relata também sobre a vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, que será aplicada em apenas uma dose e vem mostrando ter uma efetividade muito boa. E informa que, segundo dados do próprio instituto, a Butantan-DV mostrou quase 80% de eficácia nos resultados preliminares da terceira fase dos estudos clínicos. Em pessoas que já contraíram a doença, a prevenção pode chegar próxima de 90%, mas o número cai para aproximadamente 70% em casos de primeiro contato com o vírus.
Para Dra. Carolina Sacca, a principal e mais efetiva forma de evitar a dengue ainda é a prevenção. "A verdadeira solução é evitar os criadouros do mosquito, com águas paradas dentro das casas ou quintais da população. O Aedes aegypti é um vetor urbano, diferente de algumas outras doenças causadas por insetos. Então, o mais importante, além de todo o trabalho que nós temos para evitar os criadouros, é que também os profissionais de saúde estejam capacitados para o atendimento dos pacientes, que certamente virão em maior quantidade neste momento”, finaliza.
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