A Polícia Federal do Paraná deflagrou, na manhã desta quinta-feira (9), uma operação contra crimes envolvendo contratos públicos nos Portos do Paraná. A ação ocorre em Curitiba e Rio de Janeiro. Segundo a PF, as investigações começaram em 2021, depois da Operação Daemon contra um esquema de pirâmide financeira no mercado de criptomoedas. Na época a polícia apurou crimes também de fraudes praticadas em processo de recuperação judicial das empresas do grupo investigado.
Naquela operação, um dos interrogados falou que operava o esquema com dinheiro de um empresário de Curitiba, que foi também superintendente da empresa estatal responsável pela administração dos Portos do Paraná, de 2003 a 2008. O nome do empresário não foi oficialmente divulgado.
Conforme a PF, os valores teriam vindo de obras feitas nos Portos do Paraná, principalmente no Porto de Paranaguá, com desvio de licitações no serviço de dragagem do Canal da Galheta, em 2008. A operação desta quinta apura os crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção ativa e passiva e de associação criminosa. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão e 13 mandados de sequestro de bens, expedidos pela 14ª Vara Federal de Curitiba. A Justiça Federal também determinou o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados.
Desvio de dinheiro público
A PF identificou que o empresário recebeu e manteu oculto, de 2009 a 2017, em uma instituição financeira da Áustria, mais de R$ 5 milhões de reais e que pertenciam, de fato, ao ex-agente público. Depois, o dinheiro foi disponibilizado ao investigado na primeira operação, de 2021, que se apropriou e desviou os valores. Por conta disso, conforme a PF, ele foi cobrado e ameaçado de 2018 a 2021, e realizou operações financeiras de lavagem de dinheiro para restituir os valores ao ex-superintendente.
A polícia apurou ainda que a lavagem dos recursos ocorreu com o uso de familiares do ex-servidor público. Ele, o empresário, esposa e dois filhos realizaram operações ilegais de câmbio, movimentação de valores em espécie, depósitos fracionados e transferências bancárias com apresentação de justificativas falsas, conforme explicou a PF.
Depósitos
A PF apurou também que obteve provas junto a bancos da Áustria e dos Estados Unidos que revelaram que, em 2009, uma companhia holandesa realizou três pagamentos em favor da conta administrada pelo empresário. O total dos depósitos somou quase R$ 3 milhões, e tinham como destinatário o ex-superintendente dos Portos do Paraná. Ainda conforme a investigação, a empresa estrangeira havia recém celebrado contrato público e aditivos com a estatal administradora dos portos, em valor superior a R$ 30 milhões, para execução de serviços de dragagem no Canal da Galheta, em Paranaguá/PR.
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