Sugerir um Projeto Utópico como proposta de alavanca econômica e geração de milhares de empregos mesmo a médio prazo pode parecer ideia de lunático. Mas, o que é a utopia se não o “não-lugar” – o qual não existe –, ou uma sociedade ideal desejada por todos nós?
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Falar de utopia na atualidade parece discutir o impossível, aquilo que está distante e não trata da realidade. Mas, vivemos hoje num mundo cada vez mais individualista, e os problemas das cidades, qualquer que seja seu tamanho só se avolumam, quando deveria ser tratado por todos.
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Questões como más condições de transporte e meio ambiente em risco, marginalidade desenfreada, violência na periferia, baixa escolaridade, precário atendimento à saúde, entre outros, são comuns na maioria das cidades que já ultrapassaram de cinquenta mil habitantes. Não é prioridade de terceiro mundo.
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Ou seja, os discursos de campanha, alheio às reflexões de seus efeitos, não são suficientes para solucionar os problemas urbanos crescentes e o que se constata são retóricas vazias conhecidas no mundo acadêmico como balela. A ausência de seriedade administrativa dá o tom descritivo da problemática, sem nenhuma ou sumárias indicações do que possa amenizar o estado caótico que encontra-se particularmente, a saúde.
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Utopia versus prioridades. Esta é uma ousada proposta que a administração municipal deveria colocar no prisma das discussões. Pensar possíveis caminhos e enfrentar as dificuldades para a geração de emprego e renda, será que é mais importante que oferecer aos munícipes uma saúde de qualidade?
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E não sem razão, a saúde representa ao longo da história, mais qualidade de vida. E notem que já foi plataforma de campanha. “Conserto a saúde em 15 dias”...e lá se foram quase três mandatos. E a saúde continua na UTI, especialmente no atendimento maternal infantil, que pelo Estatuto da Criança, devia ser prioridade. Uma administração que não consegue suprir a pediatria na saúde, pode entregar o boné!
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Mas investir na saúde, não rende votos. É despesa sem necessidade de empreiteira, sem gordas licitações que agregam milhões em reais. Sem retorno político...enfim um dinheiro que não aparece! Talvez porque seja melhor fiscalizado!
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Agora, um cidadão que deseja investir R$ 25 milhões num sonho utópico, deveria primeiro, pensar na saúde de sua gente. Não que um sonho utópico signifique não pensar na cidade e sua relação com emprego e renda, habitação, tecnologia, esboçando um sonho de cidade ideal. Mas tudo tem suas prioridades!
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O Parque Industrial de Ibiporã, que leva o nome de Nenê Favoreto, elevado à margem da PR 090, sem dúvida foi um investimento que trouxe alguns resultados porém, numa rodovia sem as mínimas condições de atender um tráfego de logística com segurança.
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A rodovia é estreita, não possui acostamento, é extremamente sinuosa, e já ceifou muitas vidas. Raros trechos possui área de escape à sua margem. Sem sua duplicação, não oferece condições para acomodar utopia de sonhador e o tráfego de caminhões que fatalmente ocorrerá. A duplicação deveria o primeiro passo. Mas será que o Governo do Estado tem interesse nisso? Ou só o prefeito?
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Estou abordando esse assunto porque o prefeito de Ibiporã, tem mania de grandeza. Tem fama de visionário e político arrojado, mas no fundo seu negócio é fazer empréstimos milionários, dar calote em Fundo de Previdência e endividar o município para que no mínimo duas gerações assumam este ônus.
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É o que está fazendo de novo nesta administração. O Fundo de Previdência é só um exemplo. Ah, mas quem autorizou os empréstimos foi a Câmara, os vereadores representam o povo, não é culpa minha!
O negócio é obras, quando mais...melhor. Estamos aqui para aplaudir o asfalto na Estrada dos Pioneiros, a duplicação de um quilômetro da Hibrahim Prudente da Silva da BR-369 até a Figueira, a Inauguração do CEEP, (era para dezembro de 2021), a Reforma da UPA entre outras promessas.
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Médicos para atender a população, especialmente as crianças, não é prioridade. Prioridade é o cabide de empregos em cargos comissionados. Alguns com salários astronômicos, fora realidade e sem dar conta do recado. E a saúde vai bem, obrigado!
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O prefeito se gaba de dar o pontapé inicial no que chama de “implantação de um dos maiores eixos econômicos do Paraná, na PR-090". Isto mesmo, a sinuosa rodovia sem acostamento que não comporta duas carretas em sentidos contrários sem uma delas passe com o rodado fora do asfalto.
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O prefeito chama de Eixo-Norte, que compreende o trecho entre a rotatória do contorno norte de Ibiporã até a entrada do patrimônio Saltinho. Algumas famílias tradicionais, herdaram terras naquela região, alguns edificaram barracões, outras tocam a agricultura, enfim uma terra valorizada. Estima-se hoje perto de R$ 400 mil reais o alqueire.
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A ideia com o aval dos vereadores que o apoiam é enfiar R$ 25 milhões nesse projeto sob o pretexto de “deixar uma cidade melhor planejada, melhor estruturada, moderna urbanização e mobilidade humana, igualdade social, sustentabilidade e desenvolvimento industrial”, e blá blá blá...
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Muito bem, mas a que custo? Sacrificando a saúde? Acaso vai pagar pelas terras que irá “ocupar”, ou vai desapropriar alegando que o que sobrar serão ainda mais valorizadas e o proprietário tem que se contentar com isso?
É a conversa que rola. Para beneficiar a quem? A que interesses?
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O município vai bancar uma obra que caberia ao Estado fazer? Porque entendo que obras de melhoria na PR-090 para justificar o discurso com pavimentação, iluminação, galerias pluviais, água e esgoto vai sair do bolso do Ibiporanense. Para depois o governador chegar e meter uma praça de pedágio e engordar o bolso de concessionárias. E quem vai discursar, ou baixa ou acaba?
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Será que é justo isso? É necessário neste momento onde a administração sequer dá conta de manter médicos na UPA e corte em medicamentos, como já foi feito? É mais importante do que fazer uma ponte descente na ligação dos conjuntos na periferia?
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Calçar de paver a zona rural, bonito...trecho escolhido a dedo...valorizar as terras de quem?
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O prefeito não dá conta de resolver enchentes no centro da cidade, que invade residências e até hospital...vem falar de obra faraônica para satisfazer seu ego? O senhor já entrou para a história prefeito! A cidade já sabe...e até os motivos!
A ideia seria perfeita se a PR-090 oferecesse condições e o município não tivesse outras prioridades.
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Para chegar ao seu projeto, é preciso resolver primeiro as necessidades humanas, proporcionar melhores condições de vida, sobretudo na saúde. Estas lendas de utopias urbanas que povoam a imaginação de político não é novidade, é coisa que já vem do século XVIII.
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Na europa, visionários como o italiano Giovanni Battista Piranesi (1720-1778), os franceses Etienne-Louis Boulée (1728-1799) e Claude-Nicolas Ledoux (1736-1778), tinham como pressuposto a mesma utopia... “a cidade faz parte de um todo, e esse todo engloba não só o sistema solar, mas todo o universo”!, profundo não é?
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Não lembra os discursos de Dilma Rousseff? Por isso digo que depois da saúde, vem a educação. De que vale ter um parque industrial moderno, se as vagas que vem a ofertar não encontram mão de obra qualificada? Estamos vivenciando isso. E isso é muito sério, mas ninguém quer ver.
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Sequer encontra-se soluções para os problemas decorrentes do crescimento da industrialização, o que exige investimento em educação profissionalizante. Cadê o CEEP que iria preparar os jovens para o mercado de trabalho?
O prefeito ficou tempo suficiente no Governo para termos a obra concluída e isso não aconteceu. Até quando?
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Com esse panorama sugerir projetos arrojados, muitas vezes utópicos chega até a situação desastrosa dos representantes do povo sequer considera o fato de tocar no cerne da questão. Ou estão alienados ou supostamente acomunados com o presente absurdo. Essa opinião é baseada no simples fato de que interesses pessoais podem estar acima dos interesses coletivos.
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Mais um mandato, e poderemos ver o prefeito construir um sistema viário de metrô subterrâneo e de superfície, uma rede cicloviária integrada ao metrô, implantação de edifícios-torre suspensos tendo os elevadores substituídos por drones tripulados que posam na sacada de cada moradia.
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Quem sabe até lá, a cidade não precise mais de hospitais, nem crianças que aguardam horas por atendimento, na inexistência de um pediatra. Afinal, resolver os problemas de saúde em 15 dias, não é utopia. É apenas mais um discurso barato de politico profissional!
Ibiporã, 2027?
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