**NOTA DE REPÚDIO À MATÉRIA PUBLICADA PELO PORTAL “FOLHA PORTAL” SOBRE A CAPOEIRA EM IBIPORÃ-PR**
Nós, profissionais da educação, capoeiristas, mestres, alunos e cidadãs e cidadãos comprometidos com a justiça social e a valorização da cultura afro-brasileira, **repudiamos veementemente a matéria publicada no portal "Folha Portal"**, que, de forma leviana e desrespeitosa, **ataca o projeto da Prefeitura de Ibiporã-PR ao contratar um grupo de capoeira para atuar junto à rede pública de ensino**.
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A matéria distorce a realidade e **tenta criminalizar a capoeira**, tratando o investimento público como "gasto indevido" ou "desnecessário", ao mesmo tempo em que desqualifica a capoeira como prática educativa. Tal narrativa não apenas revela **profundo desconhecimento** sobre o que é a capoeira, como também reproduz **preconceitos raciais e culturais históricos**.
É preciso afirmar com firmeza: **a capoeira é uma prática físico-cultural afro-brasileira reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO e do Brasil pelo IPHAN**, com amplas contribuições no desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social de crianças e adolescentes. Sua presença em ambientes educativos — mesmo que ainda não integrada formalmente aos currículos escolares — **é legítima, necessária e benéfica**.
Apesar de ainda não constar nos currículos escolares de forma oficial e sistemática, como disciplina reconhecida em larga escala no Brasil ou no mundo, **a capoeira tem sido incluída em diversos projetos educacionais, programas culturais e atividades extracurriculares com grande sucesso**. A ausência dela no currículo é uma **lacuna histórica que reflete a negligência com nossa própria cultura e herança africana**.
Ao desqualificar essa política pública, a matéria comete um desserviço ao país, **colocando em dúvida a legalidade de uma ação positiva e educativa**. E, mais grave, **ataca um saber ancestral negro e popular**, o que **configura uma manifestação de racismo estrutural**.
### Por isso, solicitamos:
1. **Retratação imediata** por parte do autor e do veículo “Folha Portal”;
2. **Atenção do Ministério Público e da Promotoria de Direitos Humanos**, diante da propagação de discurso discriminatório contra uma expressão cultural afro-brasileira protegida por lei;
3. **Apoio e fortalecimento de políticas públicas que promovam a inserção da capoeira nos espaços escolares**, como parte da reparação histórica de um país que ainda marginaliza suas próprias raízes culturais.
**A capoeira é um direito. É cultura. É educação. É resistência.** E deve ser respeitada como tal.
**Assinam:**
CETA CAPOEIRA
MESTRE DENDÊ
FONTE/CRÉDITOS: CETA CAPOEIRA - Mestre Dendê

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