As eleições municipais de 2024 podem levar às urnas mais de 73 mil adolescentes de 16 e 17 anos aptos a votar no Paraná. A fatia do eleitorado com essa faixa de idade mais do que dobrou de 2020 para cá, quando 36.725 jovens eleitores participaram do pleito. O voto é facultativo para quem tem 16 e 17 anos e só é obrigatório a partir dos 18 anos.
Entre os estreantes destas eleições está Maurício Fernandes, de 16 anos. Embora os amigos não queiram votar como ele, Maurício diz que foi motivado pela família a exercer o direito de voto antes mesmo da maioridade. “Muitos jovens nesta idade não querem participar da política, porque acham que é perda de tempo. Só que, querendo ou não, elegendo os políticos, nós definimos quem vai cuidar do nosso país. Então, é essencial que a gente - e mais para o futuro vai ser mais a gente mesmo - consiga manifestar nossa opinião para tentar ajudar a fazer um país melhor”, diz.
O avanço dos adolescentes eleitores no Paraná segue movimento semelhante ao vivido nacionamente. O número de eleitores de 16 e 17 anos cresceu 78% de 2020 para 2024, quando mais 1,8 milhão de pessoas dessa faixa etária estão habilitadas a votar. Desde 2021, uma norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a permitir que jovens de 15 anos tirem o título de eleitor. No entanto, esses eleitores só podem efetivamente votar a partir dos 16 anos de idade. Quem pretende tirar o título pela primeira vez deve comparecer ao cartório eleitoral até 150 dias antes do primeiro turno de cada eleição para coletar a biometria.
Cenário nos municípios
A capital concentra a maior parcela dos eleitores adolescentes no Paraná. Na outra ponta, Nova Aliança do Ivaí tem o menor número, com 25 eleitores dessa faixa etária. Confira no mapa quantos eleitores de 16 e 17 anos estarão aptos a votar em 2024 nas principais cidades do estado: Distribuição de eleitores de 16 e 17 anos nas principais cidades do PR
Para o diretor da Escola Paranaense de Direito e secretário geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Política (ABRADEP), Luiz Gustavo de Andrade, o crescimento da busca de jovens pela política deriva justamente da falta de representatividade em cargos públicos. Veja análise no vídeo abaixo. Conforme dados da Justiça Eleitoral, apenas 1,8% dos candidatos às eleições municipais deste ano tem até 30 anos de idade. “Me parece que isso acaba refletindo, não só em termos brasileiros, mas em termos mundiais, numa falta de representatividade da população jovem e, por consequência, numa falta de políticas públicas para essa população jovem”, diz.
Jovens buscam representatividade em políticas públicas Polarização política Adolescentes que estão com 16 ou 17 anos atualmente cresceram em meio a uma polarização política. Para o especialista em direito eleitoral Luiz Gustavo de Andrade, a divergência entre opiniões políticas extremas foi responsável por desunir inúmeros grupos e famílias. O interesse jovem pelo título de eleitor é fruto do desejo de participar do processo político e tentar mudar essa realidade, segundo Andrade. “Essa polarização acabou afetando as próprias famílias, dividindo famílias. Eu acho que o jovem que passou por isso nas eleições de 2020 e nas eleições de 2022 não quer mais isso. Então, tá tentando buscar outras alternativas, novas respostas”, destaca.
Comentários: