O que era para ser apenas uma atividade para preencher o tempo ocioso, acabou com o passar do tempo tornando-se um negócio em companhia de duas amigas. Juntamos o prazer, o desejo de realização profissional, e dentro de seis meses colocamos em prática quando adquirimos os apetrechos. E assim nasceu o Ateliê da artista plástica Ibiporanense, Marília Piva com a proposta de um trabalho diferenciado e personalizado. “Colocamos nosso amor e foco...e é assim que as coisas nascem, crescem e se tornam mais lindas”, enfatiza a artista que demonstra uma história pessoal de otimismo, confiança nos clientes e troca de energias e significados.
“Crio uma história ilustrada em uma porcelana para durar para sempre”, lembra Marília Piva quando ao final de 2021, em conversa com duas amigas, tiveram a idéia inédita de investirem na criação de um Atelier de Criação e Design. Hoje, com o sonho realizado, seu espaço conta com obras personalizadas em porcelana, cerâmica e esmaltado. As encomendas chegam de todas as partes do Brasil e como Marília enfatiza, “carregam um mundo de sentimento”.
A artista lembra como tudo começou. “A idéia surgiu pouco antes da pandemia, na sacada de meu aportamento no dia 29 de dezembro em conversa com as amigas. Pensamos que as coisas poderiam ser mais belas se tivessem mais sentimentos nos objetos. E acreditávamos que conseguiríamos fazer isso. Então iniciamos.”
Formada em Design, Marília sempre trabalhou na indústria. Primeiro como estagiária na Aurora Alimentos em Chapecó (SC) e depois como designer na Hile Xanxerê e posteriormente na Madressenza de Chapecó, sempre na área de criação. “Em 2017 criei meu MEI e passei a prestar serviços como terceirizada, ainda na área de criação. Como terceirizada eu tinha épocas do ano com mais e menos serviço e foi assim que o Atelier surgiu”, lembrou a artista ainda em Santa Catarina.
“No auge da pandemia eu trabalhava aos finais de semana e a noite com o Atelier e durante a semana na prestação de serviços. Assumi o ateliê como minha principal atividade no início do ano, em uma fase em que já não era possível conciliar todas as atividades. Acredito que foi aí que o ateliê de fato nasceu”, explicou.
Natural de Ipauçú, oeste de São Paulo e terra de seus pais, passou alguns anos em Chapecó e Xanxerê no estado de Santa Catarina e hoje reside e mantém seu Ateliê em Ibiporã. “Trabalho em casa e ainda assim tenho meus horários bem organizados. Geralmente na parte da manhã é o horário que mais produzo, então costumo acordar cedo, fazer meu chimarrão e vou ao meu Atelier. Gosto da rotina... com ela consigo me organizar. “É uma bênção trabalhar em casa. Faço a rotina do meu jeito, me envolvo em várias atividades no mesmo dia, entre criação, produção, casa, filho, esposo. As vezes todas ao mesmo tempo porque na verdade uma complementa a outra. Minha casa é a base de tudo, lugar de descanso e de trabalho”, pontua.
Marília e sua arte
Apaixonada pelo que faz, Marília Piva consegue personalizar tudo o que for de porcelana, cerâmica e esmaltado. “Crio a partir da história de cada um. Cada pequena ou grande peça contém um mundo de sentimento, cada história contada se torna parte de mim, e assim vivo muitas histórias aqui. Além das porcelanas, também personalizo o tecido e as caixas de madeira, porque acredito que os detalhes fazem a diferença. Não crio mais um produto, crio uma história ilustrada em uma porcelana para durar para sempre. O especial do meu trabalho é o que ele conta, além da durabilidade que ele tem. Nossas peças podem ser criadas unitárias ou em maiores quantidades, não riscam nem desbotam podem ser usadas normalmente, algumas com aplicação do metal ouro outras não”, define seu trabalho.
A artista não tem preferência pelo que personaliza. “Cada uma tem sua história e todas são lindas. Gosto de pensar nas peças contando histórias futuras, então quando crio projetos para crianças e vejo elas na fase adulta usando esses mesmos objetos. Isso me faz feliz, acho que a personalização que mais gosto é a que não termina, aquela que continua contando histórias mesmo depois de feita e entregue”.
A artista não vê a iniciativa do Ateliê e seu trabalho como empreendedorismo. “Sou uma Designer na verdade. Fui incentivada por pessoas que acreditavam muito em mim, mais até do que eu mesma sempre acreditei. Mas sempre gostei de mudanças, elas nos fazem crescer, e fazer o que a gente gosta nos transforma também. Poder fazer o que a gente gosta todos os dias do jeitinho da gente é o melhor presente que poderíamos nos dar. Fazer isso nem sempre é fácil, requer mais do que qualquer outro trabalho que já tive, mas vale a pena”. Marília Piva encerra seu relato definindo assim seus sonhos pessoais e profissionais: “Acho que nunca nem sonhei que o ateliê daria certo e estou aqui, vivendo dele. O atelier é hoje muito mais do que eu imaginei que ele seria”.
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