Já escrevi muito sobre José Maria Ferreira nas últimas três décadas. Em especial sobre sua difícil mas não menos importante atuação como deputado estadual, de 1994 à 2006. Mesmo fazendo papel oposicionista ao Governo Jaime Lerner, que implantou o “anel de integração” (ou entregação) das rodovias do Paraná a iniciativa privada, e as insanas praças de pedágios, manteve-se contrário inclusive liderando um movimento pelo Paraná contra a absurda venda da Copel.
Seu posicionamento lhe custou caro, (politicamente falando) pois das emendas parlamentares pouco o quase nada lhe era concedido embora tivesse seu trabalho reconhecido pelos demais colegas aprovando projetos de leis de sua autoria que beneficiaram a saúde publica, a educação e o transporte escolar em todo o estado.
Sua atuação inclusive lhe rendeu a cadeira de vice-presidente e parlamentar de confiança da Mesa Diretiva e vou explicar porque. As salas e corredores da Assembleia Legislativa transpiram política, e em suas paredes são exibidas obras de artes que contam um pouco de história. Mas nem tudo é contado como falcatruas de bastidores, e conchavos que tornam-se escândalos como o caso dos “Gafanhotos”, os “Diários Secretos” e a recente lambança do presidente corrupto confesso Ademar Trayano.
Porém nem tudo é escândalo. Mas há histórias que não se contam.
Vejo que recentemente, a Assembleia Legislativa do Paraná, buscou enaltecer o serviço informatizado prestado por uma empresa privada, porém ignora o valor de um trabalho iniciado por José Maria após muita pesquisa em busca de melhorar o sistema interno na ALEP, quando a internet ainda engatinhava e o "fax" era o único parceiro de comunicação depois do telefone. Celular era para poucos.
Poucos ou quase ninguém sabe que coube a José Maria, implantar a modernização do sistema informatizado que transformou a administração da Assembleia e por tabela, todos os órgãos do governo. Desde o Tribunal de Justiça até Tribunal de Contas.
Incumbido pela Mesa Diretiva da Casa, em 1999, e já no PSDB, visitou as Assembleias Legislativas de Santa Catarina e Goiás para conhecer um sistema moderno a ser implantado na época e a sua viabilidade para o Paraná. Antes disso, José Maria já havia estado em Salvador representando o Legislativo no I Seminário Nacional Interlegis, um projeto pioneiro em nível mundial que interligou via Internet 2.500 assembleias legislativas, câmaras municipais além dos Tribunais de Contas. Na época, o Congresso Nacional pretendia apoiar a modernização das Assembleias Legislativas em todo o Brasil com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O nome "Interlegis" com o tempo, hoje desapareceu, mas é uma realidade que se renova dia a dia com recursos para a formação de plenários virtuais, transmissões on-lines, videoconferências, inclusive pelo Judiciário, onde os parlamentares podem se reunir para discutir questões de interesse nacional, regional ou partidário sem precisar sair de suas bases. E o que existe hoje em pleno funcionamento, é fruto deste trabalho que a meu ver, merecia um reconhecimento.
Pela modéstia, talvez o Zé Maria, não espere da Assembleia o mesmo confete jogado em cima da SERPRO, nos seus 60 anos de existência. Mas em seus 12 anos como deputado fez história atuando no mais importante avanço tecnológico que os órgãos de nossos estado já viu, proporcionando hoje toda a facilidade de comunicação e pesquisa informatizada. Essa é apenas uma das histórias não contadas sobre um deputado eleito pelo mesmo partido que lhe tirou a cadeira três mandatos depois. Hoje o MDB.
Em tempo: Vale lembrar que o projeto Interlegis recebeu do BID, na época, um financiamento de metade dos R$ 50 milhões que foram empregados na implantação do programa com a contrapartida da União. Na oportunidade, o dólar estava para o real na proporção de US$ 1 para R$ 1.
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