website page view counter

Folha Regional Online

Sabado, 15 de Novembro de 2025

Local

Opiniões dividem problema crônico enfrentado pela Santa Casa de Ibiporã: deficiência ou má gestão?

Assunto que levanta polêmicas há anos é o estigma financeiro do popular Hospital Cristo Rei

Ely Damasceno
Por Ely Damasceno
Opiniões dividem problema crônico enfrentado pela Santa Casa de Ibiporã: deficiência ou má gestão?
📸Divulgação
IMPRIMIR
Espaço para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.

    Um vídeo que circulou nas redes sociais onde uma paciente aparece deitada no chão da recepção do Hospital Cristo Rei em Ibiporã, voltou a levantar polêmica sobre a situação do atendimento à população e as condições enfrentadas pela administração visando manter o hospital de portas abertas.  Na visão interna, administrar o ambiente clínico hospitalar é como um cobertor curto. Se cobre a cabeça, descobre-se os pés. Um drama pelo qual passa a maioria dos hospitais filantrópicos país afora. E aqui em Ibiporã não é diferente, embora haja controvérsias.

    As opiniões referentes a situação do hospital se divergem. Algumas por desconhecimento do funcionamento da máquina administrativa, outros por julgarem má gestão financeira. A verdade é que há mais de 30 anos, a coisa se arrasta e a novela é sempre a mesma. A conta não fecha! Mas o que gera a fama de "saco sem fundo", em parte se dá ao período em que o hospital antes da intervenção já sofria os mesmos perrengues na medida em que milhões eram desviados, fato este apontado em investigação do Gaeco que culminou em demissões, e prisões de quatro diretores do hospital e um rombo que passou de três milhões de reais segundo apontou o Ministério Público.

   Na oportunidade, o diretor administrativo, o de recursos humanos, o financeiro e de enfermagem foram presos além de outras cinco pessoas, entre elas, dois médicos. A investigação após uma auditoria na contabilidade revelou que a maioria dos atendimentos feitos na ala "particular" não eram contabilizados, chegando ao desvio de cerca de mais de R$ 1 milhão de reais por ano. "Prática esta que ocorreu à partir de 2004 pelos anos que se seguiram", revelou a Promotora Josilaine Aletéia de Andrade que atuava na época junto a área de Proteção à Saúde Pública em entrevista coletiva à imprensa. A Promotoria também ouviu, além dos presos, diversos funcionários do hospital, antes de oferecer a denúncia à Justiça.

Publicidade

Leia Também:

    Na oportunidade, durante os mandados de busca e apreensão foram localizados documentos e dinheiro do hospital na residência dos investigados. Logo a situação de perrengue do hospital, não estava relacionada a falta de recursos, mas o sistema de corrupção montado pela quadrilha que administrava a instituição. Vale ressaltar que funcionários que lá trabalhavam e algumas  ainda trabalham estão exercendo suas funções, sendo descabidas agressões e danos à instituição e aos seus servidores.  Curiosamente na época (2014) o Governo do Estado (Beto Richa) não concordava com a intervenção e até buscou recorrer, mas aconteceu por determinação da Justiça. 

   O então ex-prefeito de Sertanópolis, e amigo pessoal do prefeito José Maria Ferreira (PSD) o médico boliviano, Carlos Luiz Oporto Castro foi o primeiro interventor indicado pela SESA - Secretaria de Estado da Saúde. Curiosamente assim como Beto Richa, ambos foram filiados ao PSDB.        Discutiu-se na época que o hospital continuou sendo comandado por pessoas nomeadas pelos próprios suspeitos de participarem das fraudes abordou a Redação do Bonde (Folha de Londrina) e a Rádio CBN em 21 de maio daquele ano. "Antes sobrava para a corrupção, hoje o dinheiro não dá?", Era a pergunta que o cidadão mais esclarecido questionava.

  Tanto é que o Hospital só voltou a se reequilibrar financeiramente, e até investiu em ampliação e reforma durante a gestão do interventor subsequente, Paulo Boçois de Oliveira, que por sinal também foi interventor de outro hospital na região. Oliveira não só colocou ordem administrativa na casa como colocou em dia o pagamento de honorários médicos e a recuperação da confiança no hospital. 

   Vale destacar que atrasos em repasses do Governo do Estado, contribuíam para as dificuldades de pagamento de fornecedores e funcionários.  No entanto, um fôlego em 2015 através do repasse de  R$ 1,3 milhão da Secretaria Estadual de Saúde, ajudou a regularizar algumas pendências. A contribuição de deputados como Boca Aberta, Felipe Francisquini, e outros com recursos mais modestos ajudaram a fazer a diferença.

VEREADOR HUGO FURRIER (MDB) SAI EM DEFESA DO HOSPITAL

   A discussão sobre a situação do Hospital Cristo Rei tomou corpo na Câmara Municipal com os pronunciamentos dos vereadores Ilseu Zapelini (PSD) e Hugo Furrier (MDB).  Zapelini defende que cada vereador deve buscar apoio junto aos seus deputados. Hugo Furrier é mais incisivo e defende que a prefeitura de Ibiporã pode dobrar o recurso de repasses. Para ele, a administração deveria olhar para a saúde, com a mesma gana de dispor recursos em obras de reformas e construção de lagos.  Um dos vereadores da base do prefeito relatou que José Maria ainda não gastou todos os R$ 38 milhões tomados de empréstimo em meados do ano passado, e agora cobra dos pares a aprovação de mais R$ 98 milhões em empréstimo que ficará para as próximas gerações de prefeitos pagarem.

    O Hospital Cristo Rei recebe mensalmente o valor de R$ 251 mil reais, além de contratar serviços como atendimento médico em pediatria e outras especialidades. Anteriormente, o valor era de R$ 253 mil, incluindo atendimento em urgência, emergência, pediatria e ortopedia. Além disso, um contrato de R$ 165 mil mensais é repassado ao hospital para custear serviços de urgência e emergência. 

   "Se alguém acha que este valor de trezentos e poucos mil é vultuoso, eu fico com vergonha. Não interessa de onde é o cidadão, o que interessa é que é um ser humano que está ali", diz o vereador referindo-se ao caso da paciente deitada no chão. "Na minha opinião tinha que dobrar este valor. O que o hospital recebe é pouco".  Furrier destacou que "em ano de campanha política, todo mundo só fala em saúde. A cobrança da população não era Lago, era saúde. Estamos com um pedido de empréstimo aqui (R$ 98 milhões) e agora vamos ver o que é que importa ao gestor, se é a saúde...ou...vamos ver. Sei que hospital não é problema de vereador, mas somos cobrados", pontou.

REPERCURSÃO

   Os comentários na página do Instagram do vereador são os mais diversos. "Tá uma vergonha mesmo. Tanta coisa errada que acontece. Não é apenas enviar dinheiro, tem fiscalizar ver o que acontece com os pacientes. Tem que ter mais médicos pra atender. É coisa muito séria o que acontece", relata Marcia Virginia da Silva. 

   "Eu penso que o gestor do nosso município está pensando em outros projetos, a saúde foi só promessa , os nobres vereadores também dançam conforme o toque da música ...Enfim ...cada dia pior !!! E da lhes rotatória, lago, af! Palhaçada com o povo. Povo tem o que merece!", desabafou a professora Leonir Aparecida Pedro. "Pessoas tem que ser mais humanos, o amor se esfriou pelo próximo, sempre saúde, depois outros...", observou Juliana Totti.

    A questão da saúde financeira do Hospital Cristo Rei, sempre foi tema de debate, palanque de candidato, e uma triste realidade nem sempre levado a sério. O folclore de que o hospital atende pacientes de toda a região sem retorno, não é bem assim. Embora insuficiente, o hospital recebe pactuadas AIHS- que significa Autorização de Internação Hospitalar. 

  É um documento emitido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que permite a internação de pacientes em hospitais públicos ou conveniados, garantindo que o atendimento seja coberto pelo SUS.  É baseada em avaliação médica e garante o acesso gratuito aos serviços de saúde, além de auxiliar no controle e planejamento do sistema. detalhando os serviços prestados e servindo como base para o gerenciamento do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e utilizada para o pagamento dos serviços hospitalares atendidos pelo SUS

    Ainda assim o recurso é insuficiente para manter o atendimento de toda a demanda, onde Ibiporã é o principal cliente que, assim como a UPA, são as principais vias de socorro do cidadão ibiporanense. Já em 2017 na gestão do ex-prefeito João Toledo Coloniezi, o repasse ao HCR já era de aproximadamente R$ 3 milhões anuais, não muito diferente dos dias de hoje, já passados oito anos.

OBRAS SE SOBREPÕEM AO RESPEITO A DIGNIDADE HUMANA

   Passou da hora do prefeito José Maria priorizar a saúde em detrimento de obras faraônicas, como a reforma da prefeitura que teve em sua planilha, gastos absurdos desnecessários como o totem de fachada (que não serve para nada e custou mais de R$ 600 mil reais) e uma guarita de portão que custou o preço de uma casa popular.

   Vai ver o prefeito ainda não entendeu que a vida humana tem mais valor que um painel recheado de preda-ferro, para agradar projeto de arquiteto condenado pela justiça. E a vereança, só de bico calado, esperando ávidos pelo empréstimo milionário a ser votado.  Que o prefeito compre até o morro da formiga, mas trate a saúde do cidadão de Ibiporã com dignidade, com humanidade, e com compaixão. 

   Nem todos tem milhões embaixo de colchão ou em conta na Suíça para tratamentos particulares nos mais caros hospitais do país e com os melhores especialistas.  O cidadão comum, vive pela fé e paciência, socado num banco de espera por cinco, seis, sete e até doze horas a espera de um resultado de exame que poderia ser feito na cidade em uma hora. Mas por capricho, vai para outro município porque a cidade só tem um laboratório. Os demais são postos de coleta e levam os exames para fora, o que pode comprometer o diagnóstico, aumentando o risco do quadro do paciente. Chega de usar a saúde como discurso barato e palanque eleitoral. O quadro relatado acima é desumano!

   A principal lição de Jesus sobre compaixão humana foi a importância de sentir a dor do próximo e agir com misericórdia, seguindo o exemplo de Deus Pai que se compadeceu do sofrimento humano após o pecado. Jesus demonstrou essa compaixão em diversos momentos, como quando curou os doentes, alimentou os famintos e perdoou os pecadores. A compaixão, segundo Jesus, não é apenas um sentimento, mas um estilo de vida que envolveu serviço desinteressado e amor ao próximo.  Esta é a mais bela forma de fazer política e sem pedir votos.

   A cena gravada no hospital que virilizou, é um tapa na cara do prefeito, de sua administração e daqueles que compactuam suas ideias de que obras tem mais valor que a vida. Não é responsabilidade só do hospital. E isso tem preço que será cobrado um dia. A compaixão é um reflexo do amor de Deus que só entende quem é Cristão verdadeiro.  Frequentar missa para aparecer "na fita", é coisa de fariseu, hipócrita, que prioriza obras e negligencia o amor ao próximo, a justiça verdadeira e a vida.  Ser Cristão é viver na prática seus ensinamentos, não é fazer da igreja curral eleitoral. Como narrou Mateus 23:27, estes são como sepulcros caiados...

   A Bíblia enfatiza a importância de cuidar da saúde, mas não a coloca acima de obras, ou boas ações, mas como parte integral da vida cristã. O cuidado com o corpo, muitas vezes comparado a um templo de Deus, é visto como um ato de responsabilidade espiritual, não apenas para o bem-estar pessoal, mas também para servir a Deus e ao próximo.  Mas esta é uma lição que apenas os verdadeiros cristãos podem entender, porque já experimentaram o amor de Deus.  

FONTE/CRÉDITOS: Folha Portal/Ely Damasceno
Comentários:
Ely Damasceno

Publicado por:

Ely Damasceno

Bacharel em Teologia Theological University of Massachussets USA 1984/1990. Jornalismo pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Repórter Gaz.Esportiva, Diários Associados, Estadão/SP, Jornais Dayle Post, em Boston-USA e Int.Press Hyogo-Japão

Saiba Mais
laboratório
laboratório

Crie sua conta e confira as vantagens do Portal

Você pode ler matérias exclusivas, anunciar classificados e muito mais!

Envie sua mensagem, estaremos respondendo assim que possível ; )