A mídia tem desempenhado um papel fundamental na construção de conceitos e normas que moldam o comportamento e as expectativas sociais ao longo das décadas. Desde os filmes de Hollywood até as redes sociais contemporâneas, a maneira como o amor e os relacionamentos são retratados tem um impacto profundo na visão que temos sobre o que constitui um relacionamento ideal. O conceito do "relacionamento perfeito" é, muitas vezes, um reflexo do que é amplamente promovido pela mídia, criando padrões que nem sempre correspondem à realidade e, em muitos casos, podem gerar pressões e frustrações nas pessoas.
Ao longo do tempo, a mídia tem retratado o amor de maneira idealizada, frequentemente apresentando relacionamentos sem conflitos significativos e com finais felizes. Filmes, novelas, e programas de TV moldaram a ideia de que o amor verdadeiro deve ser intenso, romântico e sem dificuldades. A figura do casal perfeito, muitas vezes retratada como inalcançável, surge como um modelo para as expectativas das pessoas. Esse ideal de romance é constantemente reforçado, criando uma pressão para que as pessoas busquem um tipo de amor que, na maioria das vezes, é idealizado e distante da realidade.
As redes sociais também desempenham um papel crucial na perpetuação desse modelo. Plataformas como Instagram, Facebook e TikTok oferecem um espaço para os casais compartilharem suas experiências, muitas vezes mostrando apenas os momentos felizes e de glamour. Fotos de viagens, jantares românticos e gestos grandiosos de amor são amplamente compartilhados, criando uma versão filtrada e muitas vezes superficial do que significa estar em um relacionamento. Esses conteúdos não costumam refletir os desafios cotidianos de um relacionamento, como discussões, desentendimentos ou a necessidade de trabalhar em conjunto para resolver problemas. Em vez disso, eles apresentam uma versão editada do amor, que pode gerar expectativas irreais sobre o que as pessoas devem esperar de seus próprios relacionamentos meu patrocinio.
Além disso, a mídia comercializada, como publicidade e campanhas publicitárias, tem contribuído para a construção de um ideal de relacionamento que é muitas vezes materialista e superficial. Anúncios que associam felicidade a presentes caros, como joias ou carros, ou a imagens de casais perfeitos com aparência física idealizada, fazem com que muitas pessoas acreditem que a felicidade no amor está diretamente ligada à aparência externa ou ao consumo de bens materiais. Isso cria uma pressão para que os casais busquem a perfeição estética ou financeira, esquecendo-se de que um relacionamento saudável vai muito além da aparência ou das posses materiais.
Esse modelo ideal de relacionamento também tem uma dimensão social e cultural. Muitas vezes, ele é construído a partir de normas heteronormativas, em que o relacionamento perfeito é retratado como um casal de opostos complementares, geralmente um homem e uma mulher, com papéis bem definidos. Essa representação não apenas limita a forma como as pessoas veem o amor, mas também pode marginalizar outras formas de relacionamento, como as relações homoafetivas, poliamorosas ou aquelas que não se encaixam nos moldes tradicionais. A heteronormatividade perpetuada pela mídia pode, assim, criar um estigma para aqueles cujos relacionamentos não correspondem à representação amplamente divulgada.
No entanto, nem todas as representações midiáticas são unidimensionais. Nos últimos anos, houve uma crescente tentativa de mostrar representações mais realistas e inclusivas de relacionamentos. A popularização de séries e filmes que abordam o amor de uma maneira mais complexa, com personagens mais diversos e tramas que envolvem problemas reais, tem ajudado a quebrar o estigma do relacionamento perfeito. Programas que retratam relacionamentos mais autênticos, com seus altos e baixos, desafios e aprendizados, têm a capacidade de oferecer uma visão mais equilibrada do que significa realmente amar e ser amado.
Em resumo, a mídia tem uma influência poderosa na construção do ideal de relacionamento perfeito, frequentemente apresentando um amor idealizado que não corresponde à realidade. Isso cria uma pressão nas pessoas para alcançar expectativas que podem ser irreais e frustrantes. No entanto, à medida que mais representações autênticas e inclusivas ganham espaço, há a esperança de que a sociedade se afaste da ideia de que o amor deve ser perfeito, abraçando a complexidade e a beleza dos relacionamentos reais. O verdadeiro relacionamento perfeito, talvez, seja aquele que permite imperfeições, cresce com os desafios e celebra as pequenas vitórias cotidianas, em vez de se prender a padrões estabelecidos pela mídia.
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