A crise instalada na saúde de Ibiporã após denúncias de irregularidades na gestão do município, só agravou. Quando se esperava providências para “por ordem na casa”, o que se viu foi o inverso. Na época justificou-se inclusive que em Ibiporã não havia demanda que justificasse a manutenção de cardiologistas no CREMI, o que é desmentido e justificado nos documentos que compõe a denúncia recebida que gerou o relatório da Comisssão engavetada por cinco vereadores na Câmara Municipal.
A repercussão do apelo feito pela direção do centro de idosos, Lar Padre Leone frente as dificuldade de locomoção dos mesmos para a realização de tratamento ou exames, fora do município, não está sendo levado em conta dado ao fato que, já era de conhecimento do Conselho Municipal de Saúde desde março, que haveria mudanças. No entanto, estes mesmos representantes do Conselho, não deram publicidade ao fato, limitando-se apenas a comunicar algumas entidades, como ocorreu com o Lar Padre Leone.
Curiosamente a medida foi tomada após o afastamento do médico concursado como clínico geral que estava atuando irregularmente como cardiologista no CREMI, objeto este da denúncia que culminou em todo o imbróglio. O que ninguém se atreve a comentar, inclusive na Câmara Municipal, é a ligação do médico com o prefeito, considerando que é casado com sua sobrinha.
Particulares à parte, o afastamento do profissional sob “licença” só veio acarretar mais problema, quando apenas um cardiologista ficou a disposição do CREMI para atender a população. E, para suprir esta situação, a secretaria municipal de saúde tomou duas decisões. Os exames, especialmente eletros, não seriam mais laudados no CREMI. E os eletros realizados no CREMI seriam encaminhados para o Cismepar, processo esse que já estava ocorrendo desde o dia 27 de abril deste ano por cardiologista do consórcio. Decisão esta que supostamente ficou apenas em ata, sem publicidade e que pegou a população de surpresa dado a repercussão negativa que poderia gerar.
Desta forma, o Cismepar, que é o Consórcio Intermunicipal de Saúde, cujo um dos mantenedores é a Prefeitura de Ibiporã é uma das opções que o munícipe local, terá que se valer para atendimento cardiológico. Uma outra opção seria o município de Rolândia que possui hospital com prestação de serviço modelo para a região.
O que se cobra aqui, é garantir que a população seja respeitada e, é inadmissível que os vereadores eleitos para representar a população, se omitiram diante das mudanças propostas. Já expressei aqui minha opinião e volto a repetir. Conselho em Ibiporã não funciona. As decisões são unilaterais e decididas à revelia de opiniões contrárias conforme já presenciamos pessoalmente em reunião. Um município com mais de 55 mil habitantes, ter apenas um cardiologista no CREMI, é caso a ser discutido. Mesmo que o convênio com o Cismepar se justifique “economicamente”, mas a qualidade dos serviços de saúde não pode ser medida com “economicidade”. Saúde pública é vitrine de uma boa administração!
A questão toda é política pois travou-se um braço de ferro entre a profissional que denunciou as irregularidades na Secretaria de Saúde e o prefeito que endossava a atividade profissional ilegal do “sobrinho”. E quem está pagando o pato é a população. E tudo corre com a conivência do legislativo, que empurra o lixo debaixo do tapete, para vergonha de uma Casa que deveria prezar pela transparência.
Instaurar uma Comissão Processante, era a oportunidade de se colocar os fatos as claras e oportunizar o direito de cada um. O relatório da Comissão de Saúde e Assistência Social apresentado não é, e nunca foi um julgamento prévio, embora satisfatoriamente documentado. Este documento “natimorto”, na votação, só vem sugerir que parte deste legislativo municipal é incoerente, despreparado, e quiçá, até manipulado. Uma atuação pífia, que denigre a imagem do legislativo onde o que menos interessa é representar a população. Agora a pergunta é: Como é que fica a situação dos idosos, especialmente os acamados ou cadeirantes que necessitam de cardiologistas? O município terá ambulâncias a disposição da população quando necessário? Quantos exames a prefeitura irá disponibilizar mensalmente à população? Com a palavra, os responsáveis pela saúde!
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