Diz o ditado que: "o que começa errado, tem tudo para não dar certo". A partir da próxima segunda-feira o serviço que antes era feito pelos leituristas do Samae -Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto deve ser iniciado por empresa terceirizada. Por meio de licitação a empresa que irá prestar os serviços é a ABLE (Prestadora de Serviços). A identificação da empresa será “ABLE a serviço do Samae” por meio de crachás e veículos. Para alguns servidores de carreira, a nova ameaça chegou. É o primeiro passo que abriu as portas para a iniciativa privada.
A nova empresa deverá executar os seguintes serviços:
- Religação do abastecimento no cavalete
- Execução de lacre no cavalete com verificação de fraude
- Medição de imóveis para ajuste na cobrança de Taxa de Coleta de Lixo
- Verificação de Regularidade de Ligação de Esgoto e de Águas Pluviais
- Corte no abastecimento de água
Esta nova linha de frente segundo especialistas no assunto, serviços para terceiros significa, apenas em ganhar, ganhar e ganhar… o que acaba não dando certo. Os vereadores de Ibiporã que deveriam zelar pelo patrimônio público, bem como pela manutenção dos cargos dos servidores, optaram por aprovar mudanças na na legislação permitindo a extinção de cargos o que, de forma indireta facilita uma eventual privatização da autarquia.
Até a Sanepar admitiu ter problemas e rescindiu contrato com terceirizadas
Ibiporã vai na contramão do que se vê ocorrendo nas empresas de saneamento que adotaram este sistema de terceirização, cujo resultado é apontado como desastroso. Em alguns municípios foi necessário a intervenção do Ministério Público para evitar que usurpadores de cargos públicos (leia-se de confiança) para saquear autarquias e implementar a “privatização disfarçada em terceirização”, destruindo as empresas públicas de saneamento. Um exemplo disso está na Copasa, uma das mais importantes empresas de saneamento de Minas Gerais.
Foi preciso “Termos de Ajustamento de Conduta” – TAC, assinado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para que não implementasse a terceirização em serviços essenciais em detrimento dos servidores. No argumento apresentado ao MP, relatou-se que o cidadão não saberia se estava recebendo em casa um leiturista da terceirizada ou um ladrão. O Sindiágua saiu em defesa da população mineira e reforçou o apelo junto à Promotoria. O serviço foi revogado.
Em Sorocaba-SP, o Saae - Serviço de Água e Esgotos também experimentou o amargo gosto de terceirizar os serviços de leitura e voltou atrás. O serviços de leitura pela terceirizada estava sendo “superfaturado”, segundo apontou uma investigação da Policia Civil e Ministério Público (Gaeco) que levantou na “Operação Águas Claras”, fraude nos hidrômetros e superfaturamento nas contas de 195 mil domicílios do município. A regularização das contas, com o lançamento pelo consumo real das famílias, passou a ser feito novamente por servidores desde fevereiro.
O mesmo ocorreu em Jacarei-SP, Rio Claro-SP, Ribeirão Preto-SP, Lucas do Rio Verde-MT, Rancharia-SP, Agudos-SP, Caxias do Sul-RS, Nova Odessa e Uberaba-MG além de outras dezenas de municípios onde o serviço de água é municipal cuja terceirização de leituristas não deram certo. Em todas foram constatadas irregularidades e em algumas esquemas de favorecimento ilícito e corrupção.
Até mesmo a Sanepar em Curitiba enfrenta problemas com a situação de leituras desde janeiro. As contas chegam com valores “superfaturados” e na fatura consta a informação AUSENTE. Segundo Edizor Nichel, morador do município de Rebouças, é uma situação recorrente. Ele relata que todas as contas dos vizinhos estão chegando com informação de que o consumidor esta AUSENTE, cobrando media de consumo dos últimos 6 (seis) meses.
Por meio de nota a Sanepar informou que a falta de leitura ocorreu por “problemas com empresa terceirizada” responsável por este serviço. Por este motivo rompeu o contrato com a Floripark, que respondia pelas empresas Seleta e Propulsão que faziam as leituras de hidrômetros nas regiões Sul e Leste de Curitiba. Isto prova que terceirizar leitura não é um bom negócio para a população. Já para outros interesses, fica a dúvida! Alguém poderá levar vantagem nisso e com certeza, não é a população. Se houver irregularidades futuramente, a população deverá estar ciente de que na Câmara Municipal sem dúvida, a maioria dos vereadores foi conivente.
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