Desde o início da obra que visa ofertar saneamento básico no bairro Balneário Tibagí em Ibiporã já em outubro do ano passado, percebe-se uma super-valorização dos imóveis locais, não obstante a grande reclamação da população pelas constantes falta de água. Por outro lado, uma curiosidade foi despertada, partindo do pressuposto que todas as piscinas estão com farta abundância de água. E não é meia dúzia delas. Basta um sobrevôo de drone sobre o bairro para se constatar mais de duzentas delas dentre as 620 unidades edificadas. Abastecer todas estas piscinas leva-se a crer que não é a falta de água o maior tormento do bairro mas o custo proposto pela prefeitura para custear as melhorias no local.
O Samae - Serviço Autônomo de Água e Esgotos do município, com vistas a atender as necessidades básicas de saneamento do bairro deu início na implementação de redes coletoras e na instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) compacta. A execução do projeto garantirá o acesso aos serviços públicos de saneamento a muitas famílias que se mudaram para lá nos últimos anos. Além da execução de mais de 10 km de redes entre malha coletora, a obra contempla também linha de recalque e emissário para coleta de esgoto.
Desde o início da obra neste "loteamento" considerado irregular, implantado e vendido sem nenhuma infraestrutura, ocorre o chamado "boom imobiliário" com a supervalorização dos imóveis, mesmos alguns irregulares valendo-se apenas de um contrato de compra e venda, alguns inexistente em cartório de registro de imóveis. Lotes adquiridos parceladamente com entrada considerada irrisória e mensalidades acessíveis acerca de 15 anos atrás por volta de R$ 40 e R$ 50 mil reais, hoje estão sendo ofertados entre R$ 180 a 300 mil reais. Basta abrir uma consulta nas páginas de vendas das imobiliárias de Ibiporã para ver o" show de ofertas" que vão desde a locação para festas e eventos até a venda do imóvel.
Totalmente fora da Legislação, empreendimentos como o Balneário Tibagí torna-se um problema para o setor público que é cobrado para oferecer benfeitorias numa ocupação cujo zoneamento não obriga a administração contemplar bancando com recursos próprios, o que demanda altos investimentos. Para se ter uma ideia, investimento previsto para a implementação do Sistema de Esgotamento Sanitário do Balneário Tibagi, incluindo redes e ETE, é de aproximadamente 5 milhões, provenientes de recursos do Samae e da Prefeitura Municipal de Ibiporã e ainda assim, são inúmeras as reclamações dos munícipes que também reivindicam asfalto e iluminação pública.
E não é só isso! Com a regularização da situação de zoneamento do bairro, proposto no atual Plano Diretor em discussão no Legislativo, futuramente a administração municipal se verá na necessidade de ofertar ali Posto de Saúde, Escola de Educação Infantil, Educação Básica, e outras necessidades como praça, ambiente coletivo de lazer e sistemas de segurança. Tudo isso tem um custo. Logo, não é só má vontade do poder público como detona meia dúzia de cidadãos nas redes sociais.
Resta saber se estes mesmos estão dispostos a pagar pela infraestrutura ora oferecida como foi o caso do asfalto que todo mundo chiou. Outro motivo de bronca dos moradores do Balneário Tibagi, foi o aumento considerado abusivo do IPTU levando em conta que as vias de acesso ao bairro estão em situação de calamidade pública. Porém este fator não inibe os "investidores" que continuam ofertando as "maravilhas do paraíso", no competitivo mercado imobiliário de Ibiporã que, depois de Sertanópolis, tem o metro quadrado de terra mais caro da região. Aliás, uma das chácaras a venda com fundo para o Rio Tibagi é oferecida pela bagatela de R$ 450 mil reais. E a propaganda diz: "antes da ponte do Rio Tibagi à esquerda, mais ou menos 5 km do asfalto com estrada empedrada. Tem mais, calçada até o Rio Tibagi com trapiche!
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