O Museu do Holocausto de Curitiba disse que a atividade realizada por uma professora de História de um colégio estadual de Arapongas, norte do estado, com jovens vestidos com roupas pretas ao lado de um manequim com bigode, remetendo à imagem de Adolf Hitler, "relativiza os crimes nazistas". A atividade foi desenvolvida no Colégio Cívico Militar Marquês de Caravelas. Imagens postadas nas redes sociais mostram uma bandeira vermelha com uma suástica, símbolo que estampa a bandeira nazista.
Os alunos também entrevistaram a filha de um soldado nazista. A gravação foi exibida para outras turmas na escola. O caso está sendo investigado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed). A atividade foi divulgada em um perfil do colégio nas redes sociais, mas apagada após a polêmica. Em nota, o Museu do Holocausto informou que o uso de decorações e salas temáticas "é uma prática didática comum", mas que é preciso cuidado para abordar cada tema. "Há necessidade de explicar historicamente o fenômeno do nazismo, visando o combate de suas continuidades e permanências no presente. Porém, na Pedagogia contemporânea do Holocausto, há consenso de que isso deve ser feito pela perspectiva das vítimas, e não dos perpetradores".
A Secretaria de Educação do Paraná afirmou que "a apologia a quaisquer doutrinas, partidos, ideologias e demais referências ao nazismo são veementemente intoleradas em qualquer escola da rede estadual, sendo a situação relatada em Arapongas encarada com extrema gravidade". Veja a nota completa abaixo. Para os representantes do museu, "mesmo que a intenção não seja de apologia ao nazismo, o uso de simbologia tal como foi feito leva a um fascínio pelo nazismo".
Entrevista com a filha do soldado nazista
De acordo com o Museu do Holocausto, o pai da mulher entrevistada pelos estudantes é tratado "inacreditavelmente como uma vítima" no texto publicado pelo colégio nas redes sociais. No mesmo texto, disse o museu, ele "não é descrito como um mero soldado convocado por obrigação, mas um nazista convicto, e o colégio não aponta isso como algo condenável". Para o Museu do Holocausto, a atividade "está absolutamente distante dos debates sobre o ensino do Holocausto e releva a diferenciação básica entre algoz e vítima, relativizando os crimes nazistas".
O que diz a Seed
"A Secretaria da Educação do Paraná (Seed-PR) está apurando as informações sobre o trabalho de história realizado por alunos do ensino médio do Colégio Estadual Marquês de Caravelas, de Arapongas, que propôs a reflexão sobre a Segunda Guerra Mundial e suas trágicas consequências. Desde já, a Seed-PR reforça que a apologia a quaisquer doutrinas, partidos, ideologias e demais referências ao nazismo são veementemente intoleradas em qualquer escola da rede estadual, sendo a situação relatada em Arapongas, encarada com extrema gravidade. A Secretaria instaurou procedimento de averiguação urgente e voltará a se manifestar assim que o levantamento for concluído."
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