Em toda a sua trajetória na política, José Maria Ferreira vem enfrentando pela primeira vez o maior desgaste de sua imagem e a revolta de uma parcela da população com o estado de abandono que se encontram os bairros. Em cada um em particular, existe um motivo para o aborrecimento da população que não vê outra alternativa senão optar por uma mudança radical na administração. Levantamento de bastidores encomendado pelo próprio prefeito mostra que sua rejeição passa de 52% na periferia.
Em busca de choque de gestão, prefeito de Ibiporã está promovendo uma reforma no secretariado. A coluna apurou que essa troca em massa foi sugerida por marqueteiros contratados pela agência Trade que atende a prefeitura a qual deverá coordenar o marketing de sua campanha eleitoral. É uma aposta para tentar reverter o fraco desempenho dele nas pesquisas e sondagens para a eleição de 2024. O prefeito tem números de empate técnico com Boca Aberta numa disputa direta. Nas entrelinhas, a ideia é terceirizar aos secretários a serem substituídos a culpa pelos problemas acumulados desde o início do governo. Até a estratégia de reatar com desafetos do MDB faz parte da sugestão nessa nova roupagem. Vai colar? Difícil.
Mas o pacote parece ser insuficiente para reverter a imagem desgastada na esperança de poder reverter o quadro e agradar o povo. Desde que começou a obra milionária de trocar seis por meia dúzia na área central da cidade beneficiando a "elite", e abandonando a população dos bairros, vem sentindo na pele o desprezo pelos seus eleitores estampados nas redes sociais. Os bacanas da zona rural também estão ganhando pavimentação em paver. Outra obra milionária que não há quem consiga entender, a não ser suspeitar de que tal obra só venha beneficiar e valorizar propriedades de eleitores chegados ao alcaide.
O último imbróglio, ocorreu por conta do desvio de acesso para a zona sul da cidade, durante a execução de mais um trecho da avenida Ibrahim Prudente da Silva que tem gerado muita insatisfação da população daquela região. Há três dias, o pré candidato a prefeito Emerson Petriv, o Boca Aberta, gravou um vídeo no local fazendo um apelo ao prefeito para resolver em parte o problema das más condições do "desvio" que entregou para os moradores como única opção de acesso aos bairros. Vale lembrar que uma segunda opção, apesar de distante, no final da rua Serafim Nunes Diníz, cerca de 100 metros encontra-se também quase intransitável.
Depois da grande repercussão que tomou as redes sociais, nos bastidores, um ato de desespero, uma última tentativa afobada de recuperar a imagem de um prefeito desgastado que buscará uma improvável reeleição em outubro desse ano, máquinas e homens da prefeitura foram para o local. Estiveram no desvio e deram início a uma "pavimentação meia boca", mas que já melhorou as condições de tráfego. Foi jogado uma piçarra, conhecido como "massa asfáltica de terceira", mas quebra o galho se bem compactada for. É o mesmo tipo de massa que se usa nos tapa buracos, que a chuva leva quando chega.
De qualquer forma, a população ficou menos irritada. Boca Aberta gravou outro vídeo na tarde de ontem onde agradeceu a administração mas não deixou de registrar sua crítica. "Essa administração parece que só trabalha no tranco, depois de uma sacudida... este desgaste poderia ser evitado se pavimentasse o desvio antes de fechar a Ibrahim", observou.
Para quem acompanha os bastidores do governo Zé Maria, o problema do secretariado é o compromisso de campanha. Manter incompetentes no cargo faz parte de acordo. É uma espécie de Torre de Babel criada pelo prefeito ao lotear as pastas ainda na eleição de 2020, em troca de apoio político. Partidos e lideranças políticas herdaram secretarias 'de porteira fechada', e fazem o que bem entendem com elas. E aí residiria o principal entrave: não há uma coordenação entre as diversas áreas da Prefeitura porque ao prefeito perdeu o pulso após ficar doente. O que ocorreu na saúde é uma vergonha. No barracão tem mais cacique do que índio. O prefeito até chamou um ex-secretário da administração Nado Ribeirete para tocar o barracão mas, por problemas de saúde, não vingou.
Além disso, há o fato do prefeito regular aumento justo de salário para os servidores de carreira enquanto abarrota o holerite dos cargos comissionados com gordas cifras. Para deixar ainda mais nebuloso o horizonte do prefeito, esse tratamento diferenciado para os comissionados afetam diretamente a população, como o atendimento na saúde onde os assalariados não encontram motivação para uma boa prestação de serviço. "Servidor de carreira é a pior espécie. Se fosse possível terceirizava tudo. É muito mais econômico para o município", teria dito o prefeito numa reunião, sobre o fundo de pensão, segundo revelou uma fonte. Lamentável que um gestor público pense desta forma.
Desde que a reeleição se tornou possível, José Maria acumula mandatos sobre mandatos alternados. Está quase perpétuo no poder e vai precisar fazer muito mais do que uma dança das cadeiras com o secretariado. Mas talvez a mudança de rumo tenha começado tarde demais. E há uma enxurrada de denuncias em andamento no Gaeco e no Ministério Público. Sem contar as investigações pelo Gepátria em andamento na questão da milionária despesa com pavers que beira a R$ 10 milhões. Mais de R$ 3 milhões na zona rural e pode chegar a R$ 7 milhões na revitalização do centro. E o povo do Balneário Tibagí, sem água satisfatória, rede de esgoto e asfalto.
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