O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) é o responsável pela coleta de lixo domiciliar em Ibiporã, outorgado pela Lei Ordinária 1834/2003 que atribuiu ao SAMAE esta atividade, além da gestão do aterro sanitário. Por sua vez, o Samae tercerizou o serviço, que custa aos Ibiporanenses, R$ 4.269.072,24 (Quatro milhões, duzentos e sessenta e nove mil, setenta e dois reais e vinte e quatro centavos) ao ano ou pouco mais de R$ 372 mil reais mensais.
Estes valores estão sendo pago a empresa que venceu a licitação no ano passado por sinal, contestado pela Kurica Ambiental através de recurso e indeferido pelo sobrinho do prefeito, então diretor do Samae Gustavo Toneli de Sá que homologou o certame em favor da “Sistemma Assessoria e Construções Ltda”. Curiosamente esta mesma empresa que possui um patrimônio de R$ 25 milhões, e inúmeras ações trabalhistas também desbancou a Kurica em Londrina por oferecer um preço “mais vantajoso” para o município, à exemplo de Ibiporã.
Esta é a empresa que atende o município, por sinal com muita reclamação da população e o que se questiona no entanto, é a qualidade dos serviços prestados. Apesar de seguir um cronograma nos dias de coleta, ela não é realizada nos feriados federais, estaduais e municipais o que acaba por provocar acúmulo de lixo para o dia útil subsequente aos eventuais feriados. Um exemplo disso, ocorre em finais de ano, época de festas onde naturalmente, o volume de lixo tende a aumentar.
Na semana do Natal, uma moradora reclamou que os coletores, “pediram dinheiro”, o que chamam de “agrado de fim de ano”, a qual desprovida de recurso no momento, não pode contribuir, até porque paga pelo serviço. Na semana seguinte, ocorreu o acumulo de lixo de quatro residências neste mesmo local em face dos dias sem coleta. No momento da coleta, um dos coletores teria debochado do volume de lixo e, em tom de sarcasmo, perguntou a moradora que estava no portão se “não queriam uma caçamba na porta de casa”.
Indignada, a moradora disse que iria protocolar uma reclamação junto ao Samae, e uma vez mais recebeu deboche.
Essa reclamação chegou até nosso conhecimento e, na última segunda feira, procuramos logo pela manhã pela diretora presidente do Samae, Mari Soares de Sá, para se interar do assunto e cobrar providências sobre o ocorrido, mas não fomos recebido. A recepcionista informou que ela “estava em reunião” e ficou com um telefone de contato para agendar uma entrevista, e até o fechamento desta matéria, quatro dias depois, não recebemos retorno.
Mais reclamações
Alguns moradores questionam a forma como o lixo é conduzido das lixeiras e acumulado até um determinado ponto sob pretexto de “acelerar o trabalho” o que por vezes, fica exposto na rua onde os cães rasgam os sacos e espalham o lixo até a chega do caminhão. Em alguns locais, até cavalos soltos já foram flagrados, rasgando os sacos a procura de comida. A sujeira e o mau cheiro fica na rua, o que obriga algumas senhoras ter que lavar com uma mangueira por conta própria.
Amontoar o lixo para depois recolher é uma "estratégia de agilizar" o serviço de coleta?
Esta questão da "estratégia de coleta" empilhando os sacos nas esquinas também ocorre em Londrina. Aqui em Ibiporã esta questão já foi levada oportunamente à Câmara Municipal pelo ex-vereador Miro Despachante que apresentou várias fotos de situação do lixo amontoado nos cruzamentos e da sujeira que ficava na rua após o recolhimento. Outra reclamação é relacionada a distribuição de sacos, que não acontece de forma a atender a comunidade como deveria. Logo estas reclamações merecem uma providência, ou no mínimo uma satisfação por parte do Samae responsável pela contratação do serviço que é pago pela população. Ninguém está pedindo favor.
Vale ressaltar que alguns condutores dos caminhões, abusam da velocidade na pressa pela coleta. Os coletores sobem e descem do caminhão em movimento o que aumenta significante o risco de acidente. Dois dias atrás na avenida 19 de dezembro, esquina com a rua Emílio Pelisson, um desses coletores ao pular do caminhão em movimento, caiu e foi atropelado por um veículos que seguia atrás. Este tipo de atividade é comum no cotidiano porém não condiz com as regras de segurança do trabalho. De quem é a responsabilidade se o coletor morre?
Lixo problemático vem de longe
Vale lembrar que a coleta de lixo em Ibiporã já foi alvo de denuncias, investigação e até Ação da Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Paraná que em auditoria apurou a realização de gastos superestimados com pneus e combustíveis na execução de contrato firmado pelo Samae o que teria influenciado diretamente no valor da prestação do tipo de serviço contratado e pago pelos cidadãos.
Na época o presidente do Tribunal conselheiro Ivens Linhares, aplicou multa de R$ 5.317,20 (Cinco mil, trezentos e dezessete reais e vinte centavos) pessoais ao então diretor superintendente do Samae Claudio Buzetti e do diretor responsável pela limpeza pública, Miguel Gardini além de determinar que a Kurica Ambiental S.A. restituir ao tesouro municipal de Ibiporã R$ 187.032,38 (Cento e oitenta e sete mil, trinta e dois reais e trinta e oito centavos), sendo R$ 134.816,80 relativos a valores gastos a mais com combustíveis e R$ 52.215,58, com pneus. As sanções estão previstas no artigo 87, inciso IV, da Lei Orgânica do TCE-PR (Lei Complementar Estadual nº 113/2005). Os demais membros do órgão colegiado do Tribunal acompanharam, de forma unânime, o voto do relator.
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