Os danos psicológicos sofridos por quem precisa velar um parente são imensuráveis. Por mais que as pessoas estejam preparadas, a morte é sempre um tabú. Este que vos escreve é do tempo que ainda se velava os mortos em casa, na sala e por vezes após um velório, surgia o folclore de que a casa passava a ser assombrada pela alma do defunto. Hoje com toda a modernidade e os avanços sociais, a maioria dos velórios ocorrem em capelas mortuárias geralmente instaladas em anexo ao cemitério.
Porém com toda a facilidade oferecida aos munícipes, o folclore da assombração continua. Não mais pela alma dos mortos, mas pelo relapso do poder público que em alguns casos, culpa de maus administradores, que apesar de cobrar pelo aluguel do espaço, não dá a devida atenção a falta de manutenção que o local exige.
Tal fator foi constatado pelo pré candidato a prefeito de Ibiporã, Emersom Petriv, o Boca Aberta que recebeu reclamações de vários munícipes após um velório realizado na semana passada em uma das capelas do Cemitério Municipal São Lucas que por sinal, volta a ser alvo de suspeita de venda irregular de terrenos envolvendo novamente servidor da prefeitura. Mas este é assunto para outra reportagem uma vez que já fomos informados que uma denúncia será formalizada ao Ministério Público. Aguardemos.
Porém a família relata ter passado por um sufoco num calor que 40 graus dentro da capela, praticamente insuportável onde não havia ar condicionado e a única geladeira disposta na cozinha não funcionava. Sem água gelada para tomar, e com um pequeno ventilador capenga que não dava conta de refrescar o local, o período do velório foi outro drama para os familiares enfrentarem, não bastasse a dor da perda do ente querido. Apesar de Ibiporã contar com três capelas, esta sem condições de uso, deveria estar interditada até que os problemas fossem sanados. Cobrar pelo espaço que não oferece o mínimo de conforto para sete, oito horas de espera para o sepultamento é demasiado desumano. Um verdadeiro desrespeito ao cidadão que paga pelo serviço.
Boca Aberta relata que cobrou o servidor responsável pelo cemitério e o mesmo disse já ter comunicado a administração sobre os problemas, ha dias, mas não foi resolvido. Hoje a Vigilância Sanitária afirma que não existe legislação municipal, estadual ou federal que proíba a prática dos velórios realizados em domicílio, mas recomenda para que se evite velar em casa, principalmente em casos de doenças infectocontagiosas. É por isso que a maioria dos municípios optaram pelas capelas mortuárias que não oferecem perigo após a morte do paciente com exceção no caso da gripe A, quando não há nem velório, com a pessoa sendo enterrada imediatamente após o óbito, por motivo de precaução.
Boca Aberta questiona: "Será que isto quer dizer que quem não está disposto a passar pela mesmo desconforto tem de contratar os serviços de uma capela mortuária de algum cemitério de cidade vizinha? E se o local for longe, muita gente não tem carro, muitos não vão poder se despedir. É uma humilhação o que o cidadão de bem não precisa passar, quando se tem um administrador humano. Como diz a música: De que adianta ir na igreja rezar e fazer tudo errado?", finalizou. Daqui a pouco vamos estar no mesmo nível de Curitiba, capital modelo do país onde por falta de capela uma família se viu obrigada a realizar o velório de seu familiar com o caixão numa VAN no bairro do Batel. No meio da rua e sem sanitários, as pessoas tinham que tomar água de torneira e usar e pedir emprestado o banheiro de uma igreja. Já estamos quase no mesmo nível da capital até porque, o professor do governador mora aqui.
Vale lembrar que na gestão do ex-prefeito, João da Caixa, foram realizadas várias melhorias nas três salas de velório que receberam aparelhos de ar condicionado de 60.000 BTU’s, cortinas de ar e bebedouros industriais em aço inox. Além disso, os ambientes receberam novos paramentos: três mesas mortuárias, três altares, três porta-livros de presença e um carrinho de transporte de urna funerária, tudo em alumínio. Um bebedouro também foi colocado à disposição dos visitantes na área de acesso aos jazigos com investimentos de R$ 54 mil reais. A diferença é que naquela época Ibiporã tinha um administrador como prefeito e hoje, temos apenas um político profissional.
Comentários: