O Aeroclube de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, foi contratado pelo Governo do Estado para reforçar o combate a incêndios florestais de grandes dimensões em áreas de proteção e conservação e parques estaduais. O contrato também é estendido a uma empresa de aviação agrícola de São Gabriel do Oeste, do Mato Grosso do Sul, que fica a cerca de 500 km da divisa com o noroeste do Paraná. As contratações somam R$ 4,6 milhões e preveem 600 horas de voo em ocorrências de grandes proporções, partindo das duas cidades onde ficam sediadas as empresas.
"O pacote é completo: aviões, pilotos, combustível", explica o governo. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, afirma que o acionamento vai ser compartilhado pela Defesa Civil Estadual com o Corpo de Bombeiros, com base nos relatos das equipes na linha de frente. Quando solicitadas, as aeronaves vão fixar como base a pista ou aeroporto mais próximo do local da ocorrência. “O avião vai permanecer o tempo necessário, fazendo o emprego eficiente naquele determinado incêndio. Também vamos enviar caminhões-pipa para esses locais servirem de ponto para abastecimento”, destaca.
Os contratos emergenciais iniciaram nesta terça-feira (17) e são válidos por 180 dias. O pagamento será liberado conforme o uso. As aeronaves utilizadas serão os modelos Air Tractor AT-402B, com capacidade para 1.500 litros de água, e Ipanema, com reservatório para 900 litros.
Serviços integrados
O Governo do Paraná ressalta que, em caso de necessidade, poderá ser enviada mais de uma aeronave de cada um dos modelos, uma vez que a contratação é baseada no número de horas/voo. "Este é um reforço importante para os bombeiros, diante da alta temperatura dos incêndios de grandes escalas. O volume de água lançado por estes aviões possibilita o avanço das equipes em solo porque ajuda no resfriamento dos pontos de maior concentração das chamas", explica.
De acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR), coronel Manoel Vasco de Figueiredo Junior, o emprego das aeronaves poderá ser combinado com os helicópteros do governo para definir o ponto crítico do incêndio, o que resulta numa atuação mais rápida e eficiente. "Esse resfriamento pode ser feito várias vezes por dia, sempre com uma área delimitada para a ação. Os bombeiros de terra são avisados previamente e retirados, em seguida retornam com os equipamentos e conseguem apagar os focos residuais. Tivemos recentemente um simulado em que utilizamos uma aeronave numa situação real na região dos Campos Gerais. A contribuição foi muito grande, porque fez com que os nossos bombeiros conseguissem trabalhar melhor com esse apoio”, afirma.
Treinamentos
O governo também garante que, nas próximas semanas, será iniciada a capacitação de 500 brigadistas em 100 municípios-sede ou do entorno de áreas de conservação, preservação e parques estaduais. As prefeituras vão indicar cinco servidores para compor as 23 turmas previstas para participar de um treinamento de 16 horas, incluindo atividade prática. Cada brigadista vai receber um kit de combate composto por abafador, rastelo, facão, mochila costal, capacete, óculos de proteção, luvas, bandana e colete reflexivo.
“Esses brigadistas vão somar, vamos ter a ampliação dos serviços com essas pessoas treinadas e capacitadas, com certeza vamos melhorar a resposta para a sociedade em casos de incêndios florestais”, avalia o comandante-geral do Corpo de Bombeiros.
Situação de emergência
População ajuda a combater incêndio em vegetação em área rural do Paraná. Desde 4 de setembro, o Paraná está em situação de emergência por conta da estiagem. Na primeira quinzena de setembro, 12 dias foram classificados pela Defesa Civil com alto risco de incêndio em todo o Paraná. Desde o início do ano, já foram contabilizados mais de 11 mil focos de incêndio. "A realidade é resultado da estiagem crescente, em especial nos meses de junho, julho e agosto com níveis de chuva abaixo da média para o período", afirma o governo.
No início do mês, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) suspendeu por 90 dias a queima controlada no campo. Os municípios em situação de emergência podem solicitar parte dos R$ 5 milhões do Fundo para Calamidades Públicas (Fecap) liberado para a locação de caminhões-pipa, compra de cisternas, combustível e cestas básicas.
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