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Folha Regional Online

Sabado, 14 de Setembro de 2024

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A realidade invisível de quem limpa a cidade é ignorado pelas autoridades e motivos de reclames

Assunto já foi motivo de pauta na Câmara Municipal, mas além do contrato renovado, nada mudou em Ibiporã.

Ely Damasceno
Por Ely Damasceno
A realidade invisível de quem limpa a cidade é ignorado pelas autoridades e motivos de reclames
Folha Portal/Ely Damasceno
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     Na coleta seletiva das emoções, não podemos nos esquecer de separar um pouco do nosso tempo para a gratidão com quem limpa a nossa bagunça de viver.  Apesar de "capenga" e inúmeros reclames, o trabalho dos garis não só em Ibiporã, como em todo o país, merece um gesto de reconhecimento. Não estamos nos referindo aos "coletores de lixo", mas aos homens e mulheres que atuam na linha de frente na limpeza, enfrentando um trabalho duro, com muitos desafios e que, infelizmente, não é reconhecido e respeitado por algumas pessoas.

       Já abordamos aqui, há algum tempo cobrar da empresa a quem o município "compra a prestação de serviço" não só a  valorização desses profissionais, como oferecer aos mesmos, a mínima condição digna de trabalho, pois eles são essenciais na melhoria urbana da nossa cidade.  O trabalho duro começa cedo. Tem trabalhador que sai de casa às 5h40 e trabalha oito horas por dia perfazendo 44 horas semanais.

   Geralmente iniciam o trabalho às 7h, enquanto neste horário muitos de nós encostamos a barriga num balcão de padaria para um cafezinho e um pão com margarina. E ali na rua já estão eles, de vassoura e carrinho de mão. E seguem o trabalho até o horário de almoço. São divididos em pequenos grupos, por vários pontos de ruas e avenidas, cada um com seu cronograma de metragem de varrição a cumprir.  Alguns são feitos mecanicamente, mas a maioria é na mão de obra mesmo.

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      Independente da qualidade do serviço feito, tão questionado pela população e discutido entre as autoridades municipais, cujo assunto foi tema de debate e muita reclamação no legislativo ainda em março deste ano, de lá para cá, a não ser a "inexplicável renovação do contrato", nada mudou. Nem mesmo as condições observadas pela população em relação à estes trabalhadores. E lá seguem eles em diferentes regiões da cidade, com limpeza, varrição, rastelagem, recolhimento e outros serviços.

    Já observamos em algumas situações onde o cidadão cobra do varredor, um serviço mais caprichado e por vezes até o maltrata com palavras duras, ou jogando lixo na direção deles, como se fossem eles, a lixeira. Isso é dolorido. A maioria de quem está na rua, são trabalhadores dignos e também precisam ser respeitados como seres humanos. Mesmo que o serviço prestado, seja deficiente, e isso, é responsabilidade do chamado "fiscal do contato" que precisa cobrar um bom serviço na medida em que são pagos para executar.  Ainda que boa parte da população reconhece e elogia o trabalho.

   Mas o que desejamos abordar aqui, é deixar de ver cenas que empobrecem a dignidade humana, como estes "servidores" que não procuram local ideal para sua refeição (talvez por motivo próprio) ou por falta de condições que a empresa possa oferecer.  Um local adequado para suas refeições, necessidades fisiológicas e descanso, nem sempre são observados durante suas duas horas de intervalo de almoço.

    A triste cena de trabalhadores, deitado nas calçadas, tomando chuva e procurando um cochilo após digerir ali mesmo sua "marmita", não nos parece digno de aceitação. Durante a jornada de trabalho, um gari aproveitou um instante para descansar deitado, em frente a uma garagem, na calçada de uma rua em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, na quarta-feira, 22 de março deste ano. Minutos depois, uma moradora, que deixava o prédio, não viu o homem no local e o atropelou com uma caminhonete.  Não levará muito tempo, e isso poderá ocorrer também aqui. O trabalhador quebrou o braço esquerdo teve muitas escoriações pelo corpo e até uma das orelhas arrancada.

    O que se discute é porque estes trabalhadores, cuja empresa deve oferecer um ônibus e um local adequado para fazer suas refeições e período de descanso (são duas horas de almoço) num local seguro, não acontece?  Porventura a empresa não oferece condições de trabalho? Ou os trabalhadores é que não se dão ao trabalho de usufruir do que a empresa coloca a disposição?  Fica a dúvida e uma busca de solução. Será que uma mudança de turno por exemplo, com o cumprimento de seis horas, com um intervalo de 15 minutos, não seria mais interessante que 8 horas com duas horas de almoço?  Desnecessário seria nos depararmos com a cena desagradável dos trabalhadores dormindo estirado nas calçadas.

   Segundo o SENAIT - Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, estes trabalhadores responsáveis pela limpeza urbana fazem parte de uma categoria exposta a falta de local adequado para alimentação, hidratação e de banheiros. Um dos problemas de saúde citados pela entidade atinge especialmente as mulheres com infecção urinária que, se não for tratada, pode provocar cálculo e perda da função renal. A constante exposição ao sol e os longos períodos que os trabalhadores ficam sem beber água ou usar um sanitário, por vezes negado no comércio, ou na decisão do trabalhador por constrangimento.

     Fato é que nos deparamos com uma situação que precisa ser mudada. E este é o momento quando estamos diante de uma campanha eleitoral, em se abrem as discussões para propostas de mudanças. Que este venha a ser um assunto a ser considerado pelos candidatos. Do jeito que está, de que adianta ter um centro revitalizado, decorado, enfeitado e com trabalhador feito mendigo, deitados pelas ruas. Não causa porventura uma má impressão para quem visita a cidade?

 

FONTE/CRÉDITOS: Folha Portal/Ely Damasceno
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Ely Damasceno

Publicado por:

Ely Damasceno

Bacharel em Teologia Theological University of Massachussets USA 1984/1990. Jornalismo pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Repórter Gaz.Esportiva, Diários Associados, Estadão/SP, Jornais Dayle Post, em Boston-USA e Int.Press Hyogo-Japão

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