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Folha Regional Online

Domingo, 16 de Fevereiro de 2025

SELEÇÃO BRASILEIRA

Paquetá e Neymar são destaques após dois tempos distintos da seleção

Apesar de queda brusca na segunda etapa, time garante passagem à final da Copa América

Marcos Silva
Por Marcos Silva
Paquetá e Neymar são destaques após dois tempos distintos da seleção
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É óbvio que por trás do pouco convincente disfarce do "ninguém liga", a seleção brasileira será cobrada caso não vença a Copa América, no sábado. Mas a menos de um ano e meio da Copa do Mundo, vale a pena olhar para o torneio em busca de perspectivas para a seleção. E a semifinal com o Peru começou oferecendo bons sinais, seguidos de um segundo tempo um tanto decepcionante. Sob o ponto de vista individual, uma antiga inquietação do futebol brasileiro pode ter começado a ser solucionada.

Faz tempo que o Brasil, e a seleção, buscam um meio-campista capaz de jogar de uma intermediária a outra, capaz de combinar dinâmica, capacidade defensiva, passe e participação perto da área adversária. E, aparentemente, a primeira temporada no futebol francês consolidou a transformação de Lucas Paquetá: o jovem com várias virtudes que saiu do Brasil parece a caminho de se transformar num meio-campista muito versátil.

Paquetá e Neymar comemoram gol diante do Peru — Foto: André Durão

Paquetá e Neymar comemoram gol diante do Peru — Foto: André Durão

Se a atuação do Brasil teve lado A e lado B, a ótima exibição do primeiro tempo teve Paquetá como grande notícia. Sem Gabriel Jesus, Tite organizou a seleção com desenhos distintos com e sem a bola. Nos raros momentos em que entrou em organização defensiva no primeiro tempo, o Brasil se distribuía num 4-1-4-1: a linha de quatro defensores, Casemiro logo à frente deles, com Paquetá e Fred como meias. Neymar, para ter menos obrigações defensivas, ocupava o centro do ataque, enquanto Éverton Cebolinha e Richarlison recompunham pelas pontas.

Ao atacar, a seleção buscava um 2-3-5, com seus dois zagueiros por trás e Danilo se juntando a Casemiro e Fred na linha de meias. A partir daí, Richarlison passava a ser o centroavante, Renan Lodi apoiava como ponta pela esquerda e Neymar dividia com Paquetá as funções de meias. E aí estava uma das chaves: o diálogo entre os dois, o encontro entre eles no centro do campo, a forma natural com que se relacionavam. Com mobilidade, ambos produziam combinações com que a marcação peruana jamais soube lidar. Além disso, o Brasil enfrentava o Peru de tal forma que Casemiro, outro grande nome da primeira etapa, construísse com ótimos passes e se aproximasse do ataque. Mesmo contra um adversário que se dedicava apenas a defender, a seleção achava espaços e criava chances. Por ironia, o gol anunciado algumas vezes terminou por sair, dos pés de Paquetá, após um lance de transição rápida contra a defesa peruana desmontada.

Se o primeiro tempo foi de Paquetá, o segundo seria de Neymar. Se a imensa capacidade do craque brasileiro, um dos melhores jogadores do mundo, é sempre um bom sinal para o Brasil, as razões que o levaram a ser o condutor do time preocupam. O Peru abandonou sua linha de cinco defensores, ocupou mais o meio e deixou a equipe de Tite totalmente desconfortável. Diante de um novo desafio, a seleção não encontrou respostas para retomar a rédea do jogo. O time jamais foi capaz de, novamente, impor ao jogo as características que lhe interessavam.

A saída de bola já não acontecia de forma limpa, o time era superado no meio e via Raziel García, que entrara no intervalo, começar a dominar o meio junto com Yotún. Lapadula, de ótima movimentação, entrava no jogo e começava a causar preocupação. O Peru assustou em três lances, e não o fez mais porque a capacidade brasileira de defender a área é imensa. Mesmo em contextos desfavoráveis, o time é difícil de ser batido pela capacidade de seus defensores.

E aí entra Neymar. Diante de uma seleção com dificuldade de sair de trás, coube a ele ser todo o desafogo: fosse conduzindo a bola, driblando, chamando a falta ou lançando bolas que ofereceram as raras oportunidades de ampliar o placar. Esta Copa América sem público, em gramados terríveis e organizada quase de improviso, atraiu um descrédito que termina por ofuscar as exibições e Neymar e Messi nos campos brasileiros. Um enorme pecado.

A queda brasileira na segunda etapa merece atenção, embora o péssimo gramado e a questão física que persegue as seleções venham produzindo oscilações de ritmo até na Eurocopa. No sábado, o time joga pela taça, pela paz que as conquistas sempre oferecem, mas também para gerar a sensação de que deixa o torneio com uma ideia de futebol consolidada, com um norte para o trabalho. Apesar das vitórias seguidas, a campanha por vezes gerou dúvidas.

 
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