Caros eleitores e leitores caros. Ao longo dos anos, estudiosos tem procurado entender e compreender a relação do homem e a política. O Político e o cidadão. Um personagem mas duas pessoas distintas, que pode ser admirado ou odiado dependendo do prisma que se analisa.
Na política se faz amigos e desafetos, companheiros e adversários, mas não inimigos. O objetivo imediato desta resenha crítica objetiva é propor um esclarecimento que sirva de ponto de partida para deixar claro aqui, que não tenho o prefeito José Maria Ferreira como “inimigo”, como querem crer alguns. E outros que tem este pensamento como dúvida.
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Já aviso que o texto é longo e a quem não tem interesse, pode fechar a página!
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Meu posicionamento crítico, como profissional de imprensa, é alicerçado em fatos e ações dentro do contexto em que o Executivo se propõe a fazer, por vezes nem sempre dentro dos parâmetros que a moralidade exige dentro da legalidade. Há sempre uma brecha encontrada nos meandros da Lei, que por vezes outorga justificar que o certo está errado e que o errado está certo. E é isso que questionamos!
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Desse ponto de vista, as ações do agente público deve ser analisado a partir da combinação de três dimensões: a observação a Lei, a composição das coalizões políticas (leia-se nomeações e cargos) e o conteúdo das políticas públicas e suas prioridades.
E é neste particular que focamos nosso trabalho, buscando levar a população a discussão de diversos temas e ações propostas pelo chefe do executivo que por vezes, passa desapercebido pelo Poder Legislativo, ou por pura e simples conivência, dado aos conchavos de bastidores. Não vamos sentar em cima do rabo e bancar o hipócrita a ponto de ignorar que isto não aconteça. Seria utopia.
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Mas o foco deste texto não é esse. No Brasil há o folclore de que o homem político é instruído para ser corrupto o qual por sua vez, visa seus interesses pessoais. Mas na minha ótica, há dois lados distintos para o sujeito político e o que determina o que ele será.
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É seu caráter. Um lado é do homem público, cujo papel é lutar pelos interesses do povo e o outro é do homem corrupto, uma vez político.
Quem acompanha meu trabalho ao longo dos anos, e não me conhece o suficiente, pode julgar que não conheço a história de José Maria Ferreira, e cometo injustiças ao referir-me a algumas ações deste cidadão como político. Em face disso, travamos por vezes, ações na Justiça e isso não é segredo. Faz parte do exercício democrático entre um servidor público e da livre liberdade de expressão garantida na Constituição.
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Conheci José Maria Ferreira, na Rádio Cruzeiro do Sul, hoje CBN quando era editor de jornalismo da emissora do grupo Folha de Londrina. Ele chegou numa manhã fria de julho, acompanhado do prefeito Dorival Martins e seu vice, Beto Baccarim para uma entrevista sobre seu trabalho na direção da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDU), onde ocupava cargo sob comando do saudoso ex-Deputado Estadual Homero Oguido, no Governo Requião.
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José Maria já tinha bagagem política na vereança desde 1976 onde foi uma das lideranças na Câmara Municipal de Ibiporã até 1980, chegando a ser o mais jovem presidente do legislativo na história do município. Isto o levou a prefeitura de 1988 até 1992 quando foi para o SEDU. Na oportunidade, tinha um projeto para disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa e a seu convite, aceitei a ideia de uma parceria visando as eleições daquele ano.
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José Maria foi eleito em outubro pelo então PMDB com 28.256 sendo o oitavo mais votado do partido. Dalí para frente, estreitamos relações e deixei a Folha de Londrina, para assessorar o deputado por toda a região à frente de um jornal regional. E vim para Ibiporã com a família. Estive ao lado de José Maria por doze anos e vi seus filhos ainda criança crescerem dividindo o pai com as obrigações impostas pelo cargo.
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José Maria travou duros embates na Assembleia Legislativa, com a eleição de Jaime Lerner que substituiu Requião no Governo do Estado e arrebanhou alguns traíras inclusive do PMDB para sua base. Mantendo-se firme em suas convicções, José Maria sentiu na pele o que é fazer oposição, já que era desprovido de emendas parlamentares para fazer o trabalho em seus 44 municípios bases nos limites de Curiúva até Porecatú, cidades estas que passamos por incontáveis vezes ao longo de seus mandatos fazendo política minguada por falta de recursos.
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Mesmo diante das dificuldades fez aprovar projetos importantes na Assembleia, como a Lei Antinepotismo, e o ensino obrigatório da língua espanhola na rede pública estadual de 1°- e 2° graus objetivando os avanços do Mercosul. Também é dele a Lei que determina que 50% das multas aplicadas pelo Detran Estadual fossem revertidas para creches mantidas por entidades comunitárias. De José Maria também a Lei que criou os Centros de Tratamento de Dependentes Quimicos e Alcoolismo no Norte do Paraná e a isenção de exames de D.N.A. gratuíto para famílias carentes cadastradas nos CRAS. Quase ninguém sabe disso!
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O selo de “Qualidade Ambiental do Paraná” norteado pelo ISO 14.000 também é de sua autoria. Foi autor da Lei que previa isenção a pessoas carentes e portadoras de deficiência física e/ou mental de pagamento de taxas devidas ao Estado do Paraná. Na Comissão de Educação da ALEP, foi um dos responsáveis pela instituição do “Paraná Educação” e dezenas de outros projetos de relevância que não cabem aqui neste texto. Muitos engavetados e não colocados em prática até hoje. Como ocorre na Câmara Municipal sob sua responsabilidade.
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Um dos entraves mais pesados foi contra os desmedidos contratos com as concessionárias de pedágios e as tarifas praticadas na implantação do chamado “Anel de Integração” criado por Jaime Lerner nas rodovias do Paraná. Outro grande embate foi contra a privatização da Copel numa mobilização que José Maria levou discussões para cada município de sua base. Quanto mais o deputado combatia a privatização, mais a torneira de emendas fechava.
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Sem recursos para atender os municípios e, politicamente manter-se na Assembleia passava a ser um desafio até que na eleição de 2006, não obstante um árduo trabalho por dias e noites a fio, alcançar 34.473 votos e ficar de fora, foi uma ducha de água fria. Stephanes Junior, ficou com a cadeira pelos 37.955 votos que recebeu.
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Por motivos de ordem política, rompemos relações profissionais, e posteriormente partidárias quando deixei o PMDB e filiei-me ao PSDB. Esta mudança, colocou-me na condição de opositor, mas não de inimigo. E é o que muita gente pensa. Este texto é para esclarecer que isso não é verdade. Posso não concordar com o político, e a forma como conduz a prefeitura, mas tenho admiração e respeito pela pessoa que é e sua dedicação e seu trabalho em favor de Ibiporã.
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José Maria retornou a prefeitura em 2008 onde promoveu a chamada “revolução industrial” com a criação dos parques e condomínios empresariais. Seu trabalho lhe valeu a reeleição até 2016. Período este que criou a Secretaria Municipal do Trabalho e o CTTI - Centro Tecnológico do Trabalho de Ibiporã, voltado a profissionalização de mão de obra.
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Dos seus 73 anos, 48 deles foram dedicados a política, especialmente ao município. Poderia escrever aqui um livro sobre sua carreira, dentro e fora da política, desde os primórdios quando aventurou-se em Bauru, ainda um simples camelô de semi jóias num negócio que não deu certo o que o trouxe a Ibiporã. Hoje secretária de cultura, a ex-veredora Lourdes Narcizo, fazia parte da equipe de vendas da Windsor, Industria e Comércio de Jóias Ltda que sofreu “execução fiscal” pela Fazenda Nacional em 1999 com dívidas que somaram mais de CR$ 9 milhões. Quem diria que formado em administração pela UEL, o empresário falido daria certo como político?
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Tenho assunto e documentos para escrever mil páginas e, como disse no início deste texto, uma história pode ser mostrada de duas faces. Digo e repito, não tenho José Maria Ferreira como meu inimigo, apenas como um adversário na política. Mas isso não faz dele um mau caráter, uma pessoa desprezível, ou alguém que não mereça ter seu trabalho reconhecido. Como toda a profissão, (e ser político não é para qualquer um) evidente que se carrega os percalços que o cargo lhe impõem, assim como para o jornalista.
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Estar na vitrine de críticas, faz parte de seu ofício como agente administrador do erário público. Eu particularmente como cidadão, tenho o dever e obrigação de fiscalizar, porque também sou contribuinte. Logo a ruptura com o agente político, não pode ser confundida coisa pessoal agregada a sua imagem pública. Esta é uma reflexão de alerta para não cairmos no equívoco em que qualquer cidadão seja julgado fora das relações sociais onde está inserido.
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O cidadão é uma coisa, o personagem político ou jornalista é outra. E ambos merecem respeito! As relações sociais são de essência humana. As relações profissionais estão submetidas a compreensão da sociedade baseada em fatos, sujeitos a diferentes esferas inerentes a atividade de cada um. E nesse universo de “achismo” percebemos que o agir do julgamento humano apenas deturpa a verdade, no sentido etimológico da palavra. As pessoas de caráter não podem ser mudadas, mas suas ações sim!
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Somos dois sujeitos que desempenhamos nossos papéis ativos em uma relação em que "eu" e "ele" ocupamos a mídia em lados opostos. Nossas ações e valores como profissionais são defendidos socialmente ora por um grupo, ora por outro. Situação e oposição. Fora isso, de minha parte, não há nada que o desabone como cidadão! E não vejo nenhum problema em defender o que me parece correto.
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